Bruna lançou o primeiro álbum em setembro deste ano
Bruna Richter Eichler, a Ave Cantadeira, traz a vida no campo para os palcos. Filha de pais músicos e agricultores e neta de um gaiteiro e de um trompetista, a artista desde pequena conviveu entre a música e a lavoura. Seus pais se conheceram, inclusive, através do canto, em pequenos eventos da comunidade rural de Linha Andréas, em Venâncio Aires.
As apresentações, contudo, viriam a ter início no ensino fundamental e no ensino médio, estudando na Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul, Efasc. Lá, ela passou a enxergar-se definitivamente como alguém do campo, começou com o interesse por agroecologia e foi motivada por cantores populares, os quais falam sobre sua região, seu povo e suas utas, como a própria Bruna. Um deles, Pedro Munhoz, foi uma de suas maiores inspirações, o autor da música “Canção da Terra”.
A identificação com o campo, para ela, é importante. “Entender-se como alguém do campo é um passo importante para começar a pensar naquele espaço”, ressalta a cantora. Porém, foi no Encontro Nacional de Agroecologia de 2018 que a Ave Cantadeira bateu forte suas asas. No evento, que reuniu diversos artistas populares dos quatro cantos do país, Bruna encontrou espaço no meio dos cantores que apenas escutava de longe. Um deles, Zé Pinto, lhe deu o apelido de Ave Cantadeira, o qual tocou a artista ao ponto de virar não apenas uma música, mas seu nome artístico, Bruna Ave Cantadeira.
Primeiro álbum
No mesmo evento que nasceu o nome artístico de Bruna, teve origem a intenção de um financiamento coletivo para subsidiar uma ideia ainda de 2020: o primeiro álbum. O desenvolvimento ocorreu ao longo da pandemia e, em parceria com a Boca de Sons, estúdio musical de Santa Cruz do Sul, os planos saíram do papel. Com o produtor musical Alison Knak e o ex-professor Roberto Pohlmann, Bruna conseguiu transformar suas notas solitárias no violão em um álbum de estúdio, amadurecendo as composições junto com músicos mais experientes. O processo, entretanto, passou por dificuldades. Em meio à pandemia, não eram raras as interrupções em virtude de casos positivados de Covid-19.
Com persistência, o lançamento ocorreu em setembro deste ano, com 10 faixas, sendo nove exclusivas e uma não autoral, justamente a Canção da Terra, de Pedro Munhoz, uma de suas músicas favoritas. O álbum trata da vida no campo, de movimentos sociais e da luta do povo rural.
Futuro
As expectativas de Bruna para o futuro são de que ele lhe reserve mais tempo para trabalhar em suas composições. Conciliando o trabalho na Efasc, onde se encarrega da Feira Pedagógica, e a faculdade de Agroecologia, a cantora enfrenta alguns desafios para focar na carreira musical. “Este ano várias pessoas me chamaram para tocar em alguns lugares e eu não consegui ir”, comentou.
Mesmo com o relógio sendo um empecilho, Bruna já tem composições para um novo álbum, ainda que esse não tenha previsão de início de gravações ou lançamento.
Enquanto esta nova gravação não sai do papel, a Ave Cantadeira acumula participações em álbuns e singles de outros artistas populares, como o do grupo Cordas e Rimas, de Porto Alegre, em que, com a voz, marca presença na faixa Arundaia, do single O Luto, A Luta e o Brasil, lançado este ano.
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