Região

Nova Acrópole foge do estereótipo na formação de cidadãos ativos e pensantes

Publicado em: 24 de novembro de 2022 às 10:28 Atualizado em: 04 de março de 2024 às 12:12
  • Por
    Nícolas da Silva
  • Fonte
    Portal Arauto
  • Foto: Nícolas Silva / Portal Arauto
    compartilhe essa matéria

    Organização busca trazer o ensinamento filosófico além da teoria comum das escolas e do meio acadêmico

    Há uma semana, em 17 de novembro, foi comemorado o Dia Mundial da Filosofia. No Brasil, a data também é celebrada pela Organização Internacional Nova Acrópole, que tem mais de 90 sedes espalhadas pelo país. Em Santa Cruz do Sul, a Nova Acrópole tem sede desde 2001. "Filosofia, cultura e voluntariado por um mundo melhor" é o lema levantado pela organização, que promove um ideal de valores permanentes buscando melhorar o ser humano e a sociedade. 

    Para o professor de filosofia Rafael Ebert, que também é o diretor da escola desde 2008, a atividade da Nova Acrópole vai além do conceito estereotipado sobre filosofia que existe atualmente. “Existe esse discurso dominante sobre a função da filosofia, que seria de questionar sempre e levantar dúvidas sobre o funcionamento do mundo e da sociedade. Isso serve para formar professores de filosofia igualmente teóricos ou idealizadores sobre as problemáticas da vida. Esse é um viés, mas não é o que trabalhamos aqui. O papel aqui é como atividade da filosofia clássica, de resgatar esse papel ativo e promotor de indivíduos pensantes na sociedade”, salienta.

    Ebert destaca a importância de levar o conhecimento além da teoria, no intuito de formar indivíduos socialmente ativos. “A aplicação do conhecimento traz como consequência um indivíduo melhor e, portanto, capaz de construir uma sociedade melhor. Fazemos isso não apenas por meio dos livros, estudos e conhecimentos teóricos, mas pretendemos aprender a viver bem, com força e eficiência, em todos os momentos da vida. Aproveitar as oportunidades que nos são apresentadas, aprendendo algo positivo até com as adversidades. Isso é o que os alunos trazem para a sala de aula, onde as discussões e os ensinamentos acontecem, tudo de forma muito prática e aplicável”, explica.

    Cultura

    O professor também explica que o conceito de cultura, atualmente, é muito amplo, mas geralmente é confundido com alguma atividade voltada ao entretenimento. Na Nova Acrópole, a cultura se define como um modelo ativo de participação social e ampliação dos conhecimentos. “Nosso primeiro objetivo é que as pessoas saibam que sempre haverá uma boa programação cultural na Nova Acrópole da sua cidade. A implementação dos valores humanos sustenta um modelo de cultura ativa e participativa, que coloca em jogo as qualidades de cada pessoa, amplia o horizonte mental e se abre para todas as manifestações do espírito. O tema é amplo e abrange as mais diversas disciplinas, mas todas ajudam, de alguma forma, a explicar os fenômenos e preocupações do nosso tempo”, diz.

    Voluntariado

    Apesar de haver uma confusão sobre a atividade da Nova Acrópole e muitos confundirem com a prática de uma Organização Não Governamental (ONG), Ebert explica que as atividades só são possíveis graças ao voluntariado. “O voluntariado é a mentalidade de funcionamento da escola. Praticamente todas as atividades propostas são oferecidas gratuitamente. Não é ONG, nem programa no governo e também não está inserido em qualquer tipo de programa público. A única atividade paga dentro da organização é o Curso Filosofia para Viver, que é o carro chefe de toda uma programação de estudos. O segredo para conseguirmos propor as demais atividades gratuitas é que não há funcionários remunerados. O trabalho é inteiramente voluntário. Desde quem dá aula, até quem dirige a escola e quem auxilia em qualquer atividade da escola”, acrescenta.

    Acesso à informação vs conhecimento

    Em Santa Cruz, o professor explica que há pessoas de todas as idades que buscam as atividades da organização. O interesse pelos cursos, segundo ele, se dá por uma busca de conhecimento propriamente dito, além do que apenas é lido superficialmente em manchetes e redes sociais. “Hoje se busca qualquer coisa e a qualquer momento, mas isso não gera conhecimento sobre nada. Acaba até gerando uma ilusão. A pessoa está baseada apenas em notícias, em informações recebidas, mas não há qualquer tipo de aprofundamento sobre os temas. Nós buscamos pessoas que busquem algo além do entretenimento. Queremos as pessoas que buscam algo além da sobrevivência, um sentido para a vida”, finaliza Rafael.