Polícia Civil pediu que o Hospital Regional encaminhe documentos para identificar possíveis responsáveis
Uma família acusa o Hospital Regional do Vale do Rio Pardo de negligência médica após uma idosa falecer depois de passar mal, receber alta, infartar e morrer. Segundo o barbeiro Daniel Bartolomeu Santelmo Soares, de 40 anos, filho da paciente, a mãe foi internada pela primeira vez no final do mês passado e a família teria sido ameaçada por profissionais que atuam no local. A casa de saúde foi procurada em duas oportunidades e, até o fechamento desta matéria, não se manifestou sobre o caso.
Daniel Soares disse, à reportagem, que na quinta-feira, no dia 30 de junho, por volta das 19h, uma das filhas precisou levar Zeloni Santelmo Soares, de 63 anos, no Pronto Atendimento Ambulatorial Municipal. A idosa, que era cardíaca e tinha diabetes e problema renal, estava com pressão arterial de 24 por 9 e com arritmia cardíaca.
Mesmo que filha da idosa tenha alegado que a mãe era alérgica dipirona, teria sido aplicado o medicamento e duas injeções de benzetacil. Segundo o relato, Daniel recebeu uma mensagem da irmã poucos minutos depois das 23h, informando que a mãe havia chegado em casa e que a médica teria colocado no prontuário que a paciente ficou a noite toda internada.
Em 1º de julho, às 6h, a mulher teve um infarto em casa. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e encaminhou a vítima para o Hospital Regional de Rio Pardo. Para os familiares, o médico que deu o primeiro cuidado para a senhora teria alegado que havia solicitado uma vaga de UTI.
Como mora em Santa Cruz, Daniel chegou às 9h na casa de saúde da Cidade História e, quando buscou informação, os profissionais teriam afirmado que a mãe estava bem e que estavam aplicando a medicação e realizando os exames que são necessário. O primeiro contato foi às 14h e o filho teria visto a mãe na cama entubada, mas sem soro ou outros aparelhos conectados.
Enquanto buscava os familiares para repassar as informações que havia coletado com a equipe médica, um profissional que é conhecido teria chamado Daniel para um espaço mais reservado. “Ele me disse ‘se eu fosse tu, estava lá em cima do médico. Eu escutei e o que estavam falando para ti não procede. Eles não fizeram nada com a tua mãe até agora. Segundo eles, ela está com morte cerebral e eles estão aguardando só os órgãos parar para dar o atestado de óbito'”, disse.
Assustado com a informação, o filho teria questionado o médico que havia assumido o plantão e o profissional teria confirmado a suspeita de morte cerebral. Daniel teria solicitado que o responsável pelo atendimento apresentasse os exames que comprovassem a situação. “Ele abriu a camisa dele e disse que estava trabalhando de graça, que eu estava desrespeitando”, detalhou.
Segundo o barbeiro, às 16h, um leito de UTI ficou disponível no Hospital Ana Nery, em Santa Cruz, a poucos quilômetros de onde a mulher buscou atendimento pela primeira vez, mas a equipe médica teria rejeitado. “Eles não quiseram mandar ela, mais uma vez, afirmando que estava com morte cerebral”, expressou.
Preocupado com a situação, o enfermeiro que horas antes havia conversado com Daniel teria acionado um médico de confiança e que assumiria o plantão no mesmo dia, mas mais tarde. Segundo o relato da família, os exames clínicos feitos descartaram qualquer possibilidade de morte cerebral. “Das 9h até 17h30, a minha mãe ficou negligenciada sem receber assistência e medicação”, falou.
A família alega que foi ameaçada pela equipe do Hospital Regional do Vale do Rio Pardo. O marido de Zeloni teria procurado uma enfermeira e uma das responsáveis pela administração. “Eles ameaçaram meu pai e meu irmão. Disseram que, se a gente não ficasse quieto e baixasse a bolinha, eles iam dificultar mais a vida da minha mãe”, relatou.
Com as dificuldades enfrentadas, a família foi até o Ministério Público (MP) e garantiu, na Justiça, uma nova vaga de UTI. Cerca de 24 horas depois da decisão ser proferida, segundo Daniel, o médico confirmou a transferência para o Hospital de Caridade São Roque, de Faxinal do Soturno. Ao mesmo tempo, teria informado que a mãe estava enfrentando um caso grave de infecção generalizada.
No município que conta com menos de sete mil habitantes, o médico que recebeu a paciente havia dito que a situação é grave. “Ele disse que esse equipamento que usaram pra entubar ela é de terceira linha”, falou. Na UTI, Zeloni teve três parada cardíacas. Poucas horas depois de dar entrada no hospital de Faxinal do Soturno, a idosa morreu. A causa da morte, de acordo com Daniel, é pneumonia bacteriana.
Registro
O caso foi registrado na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Rio Pardo. Segundo o delegado Anderson Faturi, a Polícia Civil pediu que o Hospital Regional encaminhe documentos para identificar possíveis responsáveis.
Protesto
Um protesto está sendo organizado para a próxima segunda-feira (18) e o objetivo é chamar atenção para o tema. O ato tem início, às 17h, na Prefeitura de Rio Pardo e segue até a Câmara dos Vereadores.
Notícias relacionadas
Governo lança campanha nacional para alavancar setor turístico do Rio Grande do Sul
Iniciativa se soma a outras ações que já vêm sendo realizadas para incentivar o setor
Romaria da Santa Cruz movimenta romeiros de 51 paróquias no próximo domingo
Expectativa dos organizadores é superar público da edição de 2022, que chegou a 7 mil pessoas
Santa-cruzense disputa Campeonato Mundial de Sushi em Tóquio
A final da competição será realizada na noite desta quinta-feira, às 22h (horário de Brasília)
Audiência pública vai tratar sobre as pontes secas na RSC-287
Encontro proposto pela Câmara de Vereadores de Venâncio Aires ocorre nesta quarta-feira, no Ginásio de Esportes de Picada Nova