Entre os relatos, estão sede intensa, aumento da frequência urinária e até mesmo dificuldade de raciocínio e de memória
A Covid-19, mesmo depois de mais de um ano de pandemia, ainda surpreende médicos e estudiosos. A lista de sequelas e sintomas após doença continua a crescer e levanta o alerta sobre não ignorar mesmo os pequenos sinais. Afinal, além dos sintomas respiratórios – característicos da doença – o coronavírus tem provocado também outras situações, como sede intensa, aumento da frequência urinária e até mesmo dificuldade de raciocínio e de memória.
De acordo com o médico pneumologista em Santa Cruz do Sul, Rui Dorneles, o que mais chama atenção na Covid-19 é a clara distinção entre as duas fases da doença. "No início do quadro, os pacientes terão sintomas de gripe, alguns com mais, outros com menos sintomas, mas que raramente se agravam. Alguns pacientes, felizmente a minoria, irão evoluir com a forma mais grave da doença, quando os pulmões são acometidos mais severamente e surgem a falta de ar e a redução da oxigenação do sangue. O interessante é que esse agravamento nunca ocorre durante a primeira semana da doença, mas sim, caracteristicamente, após sete dias do início dos primeiros sintomas", destaca.
Entre os vários sintomas residuais relatados pelos pacientes, conforme o médico, os mais comuns são os respiratórios, como falta de ar aos esforços, cansaço fácil, respiração curta e tosse. "Na grande maioria dos pacientes esses sintomas são temporários e amenizam com o passar do tempo. Nos pacientes com a forma mais grave da doença, é possível que algum grau de fibrose pulmonar se desenvolva e permaneça como sequela permanente", diz. Entretanto, além dos sintomas respiratórios, outras questões também devem ser observadas. "Os pacientes, especialmente os que apresentam a forma mais grave da doença, têm relatado sintomas residuais nos mais diversos aparelhos, como queda de cabelo, dores de cabeça, perda de memória, redução do olfato, redução do paladar, redução da acuidade visual, sede intensa, dores musculares, dores articulares, fraqueza muscular, câimbras, fadiga, alterações no hábito intestinal, aumento do volume e frequência miccional, insônia e ansiedade", elenca.
Assim como os sintomas respiratórios, a tendência é que esses sintomas se amenizem com o passar das semanas. Segundo a médica infectologista Gabriela Caeran, depressão, dificuldade de raciocínio e de memória também são diagnósticos comuns em quem passou pela doença. "Já entre as sequelas mais incomuns pode-se citar a síndrome inflamatória sistêmica e tromboses cerebrais", destaca. Por isso, é importante sempre analisar toda e pequena situação, a fim de evitar agravamentos. "Falta de ar (dispneia), cansaço aos mínimos esforços, febre persistente, dor torácica e confusão mental são sinais para procurar um médico infectologista pneumologista, cardiologista, psiquiatra, dentre outros. É muito importante também um acompanhamento multiprofissional, com fonoaudiologia, psicologia e fisioterapia", indica.
Tanto Gabriela quanto Rui destacam que após esse período de pandemia, a característica mais marcante foi a modificação dos grupos mais acometidos, de idosos às faixas etárias mais jovens. "Outra característica que chama atenção é a gravidade que pode acometer pacientes com obesidade", pontua Gabriela. Além disso, Rui comenta outra diferença percebida desde o começo dos casos de coronavírus na região. "Tenho percebido que os paciente que tiveram Covid-19 no ano de 2021 têm relatado mais sintomas residuais não respiratórios quando comparados aos pacientes que tiveram a doença em 2020. É possível que isso esteja relacionado a infecção pelas variantes do coronavírus", pontua.
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