Produtores do interior de Vera Cruz projetam melhora nas lavouras após chuva
A pouca quantidade de chuva, ou melhor, a falta dela, tem causado preocupação em produtores rurais de Vera Cruz. O agricultor Ervino Martin, de Linha Ferraz, cultiva aproximadamente 20 mil pés de tabaco e cerca de cinco hectares de soja. Ele lembra que o arroio que corta a propriedade parou de correr apenas uma única vez nos 67 anos de vida. “Eu vi apenas uma vez sem água. Depois disto nunca mais parou de correr, mas se continuar assim, mais oito dias, vai secar novamente. Esse arroio é forte, vem direto da nascente. Outros como o Plumbs, por exemplo, sofrem mais. Precisamos de água para manter o gado e, principalmente, a soja. Apesar de todo este tempo sem chuva, o solo está aguentando, mas a soja já começa a dar sinal de falta de água. Algumas folhas estão começando a amarelar”, comentou.
Em fase de folhação, a planta necessita de água para desenvolver, assim como explica o extensionista técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) de Vera Cruz, Alberto Pinheiro. “São três momentos cruciais para o desenvolvimento da soja, a fase de emergência, a floração e o enchimento de grãos. Nestes casos é importante que a planta tenha água disponível. Se isso não ocorre prejudica a produtividade e o rendimento das plantas”, explica.
Outra dificuldade enfrentada na atual safra é o preço dos insumos. Balizados pela alta do dólar, a maioria dos produtos apresentou alta, em alguns casos de cerca de 40%, conforma destaca Martin. “Compramos adubo e acabamos estocando. Isto, de certa forma, foi bom, porque o preço subiu muito. O preço do saco que paguei R$ 145, há pouco tempo estava em R$ 235. Adiantei um pouco o plantio em relação a outros anos, justamente para evitar os dias mais quentes nos períodos mais importantes do desenvolvimento da planta. Se vier a chuva esperada para os próximos dias teremos um bom rendimento, mas se não vier a situação começa a ficar preocupante”, frisa.
Até amanhã, a região deve receber uma carga pluviométrica que varia de 30 a 35 milímetros. No entanto, a chuva pode ser mal distribuída, o que também preocupa os agricultores. “A última chuva que foi registrada aqui na nossa propriedade foi só alguns pingos. Enquanto em outros lugares, como no Centro de Vera Cruz e em Alto Ferraz, a chuva foi boa”, explana o agricultor, preocupado com os baixos volumes.
Outra alternativa, de acordo com Pinheiro, está relacionada ao manejo do solo. “É importante que o solo da lavoura seja também visto como um local de armazenagem de água. Um solo com boa correção de fertilidade e descompactado abaixo da superfície possibilita que as plantas desenvolvam raízes mais profundas, e consequentemente, tenham mais disponibilidade de água, sofrendo menos com períodos de estiagem”, destaca o extensionista.
Apesar dos poucos dias de chuva, o produtor acredita no bom desempenho da lavoura nesta safra. “O tabaco estou quase terminando de colher, depois vou plantar milho da resteva do fumo. Não há o que reclamar. A soja, se a chuva vier vai melhorar e vai ser uma boa safra. No ano passado estava pior”, comenta Martin. “Neste período, na safra passada, lavouras inteiras foram perdidas por falta de chuva”, complementa Alberto Pinheiro.
Safra
A safra de soja deve ter uma produção de 141,3 milhões de toneladas, segundo estimativas divulgadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O volume representa um crescimento de 3,9% em relação à safra anterior, quando foram produzidas 136 milhões de toneladas do grão.
A Conab estima que a área plantada de soja deve aumentar 3,6%. A produtividade das lavouras terá uma leve melhora, de 0,29% a mais que a safra anterior. A estimativa é de que 3,5 quilos por hectare.
Ervino Martin deve colher os cinco hectares de soja plantada até março do próximo ano.
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