Vera-cruzense Renivo Radtke, acumula mais de 20 anos de Papai Noel e uma coleção de histórias para compartilhar
O vera-cruzense Renivo Radtke, 46 anos, acumula mais de 20 anos de Papai Noel e uma coleção de histórias para compartilhar. Tudo começou quando, na celebração familiar, na casa da sogra, faltara a figura do Bom Velhinho e, por acaso, Renivo, um apaixonado por crianças, incorporou a figura de gorro e roupa vermelha. No ano seguinte já fora contratado por uma loja para entregar os presentes nas casas dos clientes. Em algumas destas entregas, fatos inusitados aconteceram. Duas mulheres em Vera Cruz, com mesmo nome e sobrenome. Uma morava em Ferraz e outra no Rincão da Serra, qual era a cliente certa? Claro que foi ele para a errada, atrasando todo roteiro de entregas.
Inclusive na última entrega da noite do dia 23, quando o dono da loja já teria desistido, porque passava da meia-noite e o combinado era até as 23 horas. O destino era Dona Josefa. Renivo insistiu, afinal, só faltava aquela casa. Pois ao chegar lá, os pais do menino já estavam dormindo, mas a criança não, acordadinha, ansiosa pela tão esperada visita. “O guri estava emocionado, me abraçou forte, foi um dos episódios mais marcantes”, relembra. Em outra casa, uma vovó de mais de 90 anos estava cercada pela criançada quando o Noel chegou. Ele sempre afastou a ideia de ser punitivo, de ter uma varinha, pelo contrário: sempre fez questão de ser uma figura de amor, e por isso dá conselhos. “Tirem os exemplos desta vovó, guardem as receitas de bolo, escrevam as histórias dela, escutem seus ensinamentos, rezem antes de dormir”, orientou às crianças. Ao fim da visita, ganhou um abraço apertado da senhora de cabelos brancos, que disse: “esse é o Natal mais feliz da minha vida, pois ganhei um abraço do Papai Noel”. Como não se emocionar?
E se o ajudante Renivo pudesse fazer um pedido para o Papai Noel, aquele lá da Lapônia, o que seria? Mais amor, mais solidariedade e menos ganância, diz ele. E que haja mais união da família, a conversa em volta da mesa, na roda do chimarrão ou na oração ao deitar. “Sonho que num amanhecer do dia 25 tudo seja melhor, com menos violência, especialmente com as crianças. Elas são os adultos de amanhã”.
O Noel de Renivo é brincalhão, por vezes conselheiro, sempre uma figura boa, ávido a conquistar a confiança das crianças. E, para isso, muitas vezes atende os seus desejos. Foi o que aconteceu com o menino Pedro Forsthofer, em 2017, quando a criança tinha dois aninhos e, segundo sua mãe, Sara Gerhard, havia o medo do Papai Noel. Só que Pedro também adorava moto e aí surgiu o inusitado pedido: e se ele chegasse na comemoração da família sobre duas rodas? Foi o que Renivo fez: arrumou uma moto de trilha e atendeu ao Pedro, que ficou em êxtase.
Foi-se o medo, ficou a alegria. Em outra família, já chegou um ano com uma carroça enfeitada, em outra vez de trator. O negócio desse Papai Noel é ver a felicidade no brilho do olhar das famílias, que são abençoadas pela presença das crianças em seus lares.
Assim como ele e a esposa Milca são, há cinco Natais, desde que o pequeno Gabriel, com oito anos recém completos, chegou para completar a vida do casal. O menino adotado chegou ao lar de Renivo e Milca em 25 de agosto de 2016 e eles permanecem na fila para aumentar a família, adotando uma irmãzinha para Gabriel, que pede, aliás, pela criança. Desde então, o Natal dos Radtke ganhou um brilho diferente, uma alegria sem igual, um sentido que Renivo via em muitas casas visitadas, quando a alegria do filho enchia o coração dos pais. E desde então, eles também puderam sentir.
Com a agenda cheia no dia 24 com as visitas domiciliares, a família antecipa a comemoração para a noite do dia 23, quando Renivo chama outro ajudante do Noel para fazer a visita em sua casa e, assim, ele curte a entrega dos presentes, a ceia e a felicidade do filho no seu melhor papel: o de pai. E mesmo quando lhe passou pela cabeça desistir do seu ofício natalino, ele teve em mente todos os bracinhos esticados das crianças ávidas por um abraço e, revela, não há nada mais gratificante e verdadeiro do que este amor, o que renova sua vocação de ser Papai sem deixar de ser Noel.
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