Infectologista Marcelo Carneiro aborda sobre a doença e medidas tomadas pelo Brasil
Diariamente é atualizado na mídia o número de casos confirmados do coronavírus na China e países arredores. Para falar sobre o assunto, o Arauto Saúde desta semana entrevistou o médico infectologista Marcelo Carneiro. O profissional inicia ao dizer que a grande preocupação no Brasil está relacionada a uma experiência negativa com a pandemia ocorrida em 2009 do Influenza, que começou em países mais populosos como a China e se disseminou para o mundo, levando a mortes. “Porém, é importante ressaltar que todo o sistema de saúde não estava preparado para isso”, sublinha. “O coronavírus já era conhecido e esse ano, com a mutação do vírus começou a causar doenças em pessoas com risco maior de adoecimento e até mesmo risco maior de complicação de morte”, reflete.
Conforme Marcelo Carneiro, o coronavírus tem uma complexidade, mas não numa potência como ocorreu em 2009 com o Influenza. “Ao mesmo tempo vem adquirindo uma capacidade de transmissibilidade que acontece na China por uma questão populacional”, salienta. “Esses vírus sempre existiram, existe uma relação entre ter vírus e ter hospedeiros suscetíveis”, avalia. O profissional lembra ainda sobre o comportamento cultural dos chineses: a relação com os animais, onde se vai no mercado que vende cachorro, gato, animais vivos para comer. “Além de outros animais que culturalmente a gente não come e eles comem, sendo levemente cozidos ou até mesmo crus, tornando a transmissão de doenças maior e para saber disso não é preciso ter o coronavírus”, aponta. “Sabemos que esse tipo de situação é de risco e acontece em lugares mais populosos pela facilidade de transmissão, que é da respiração”, completa. Ou seja, os animais respiram perto de humanos, o contato e o convívio com eles é muito próxima em determinados lugares e se adaptou a transmissão entre humanos.
Para o infectologista, o que o Brasil fez, de centralizar o atendimento dos estrangeiros e de brasileiros que foram para Ásia, é mais adequado, pois é possível controlar e otimizar todo o sistema. Como a China é um país que faz tudo para todos os países do mundo, é importante saber do risco e ter preparo para uma situação dessas. Carneiro destaca a região que recebe muitos estrangeiros devido as empresas nacionais e internacionais. “Não temos casos aqui, também é uma forma das pessoas fazerem seu papel. Viajar para um país que tem risco de ficar doente não é adequado”, pontua. “Temos um risco real e isso precisa estar muito bem colocado e as pessoas devem ficar em alerta, mas não desesperadas”, finaliza.