Neurocirurgião Marcelo Corrêa Vione fala sobre a doença, os tipos, prevenção e tratamento
Já ouviu falar em AVC? Provavelmente, sim. Deve conhecer também alguém que tenha sofrido e ficado com alguma sequela. Isso porque o AVC é uma das doenças mais comuns e não acomete apenas pessoas de mais idade, como muitos pensam. Para falar sobre o tema, o Arauto Saúde conversou com o neurocirurgião Marcelo Corrêa Vione. De forma objetiva, pontuou ele, o AVC é uma lesão no sistema nervoso central, no cérebro, e está relacionado aos vasos sanguíneos e à circulação cerebral. Entre os sinônimos para AVC estão AVE, isquemia e derrame.
O AVC, conforme Vione, pode ser dividido em eventos isquêmicos, que é quando a circulação de um vaso sanguíneo é interrompida, geralmente por um coágulo, e aqueles neurônios nutridos pelo vaso sanguíneo acabam morrendo. “Esse é o acidente mais comum”, frisa. “A gente trata como uma isquemia. E ele varia de população para população. Mas, em geral, 80% dos AVCs são isquêmicos. Os outros 15% são decorrentes da lesão de vaso sanguíneo em que eles rompem e causam um sangramento. Esse sangramento pode ser em torno do cérebro, na base, em algumas cavidades ou dentro do tecido cerebral. Esse é mais conhecido como derrame”, detalha.
Independentemente do tipo, os AVCs ocorrem em todas as faixas etárias, inclusive em recém-nascido. No entanto, é mais comum em adultos, principalmente acima dos 45 anos. “Para recém-nascido a gente fala em seis casos para cada um milhão de recém-nascidos, enquanto numa população adulta estamos falando em 100 casos para 100 mil habitantes”, explica. Os motivos que levam a um AVC são variados. “Provavelmente, uma pessoa abaixo dos 18 anos que sofra um AVC tem alguma patologia que carrega desde o nascimento. Já na população mais idosa são decorrentes dos fatores de risco: fumo, sedentarismo e, principalmente, hipertensão, a conhecida pressão alta. O que a gente vê nos últimos anos é que esses fatores que eram tipicamente dos mais velhos aumentaram na população jovem”, observa.
SEQUELAS
Embora com tratamento adequado e rápido, em muitos casos o paciente fica com sequelas. Elas dependem, segundo Vione, do vaso sanguíneo acometido. “Os AVCs mais comuns são das artérias da parte da frente do cérebro. E esses tendem a causar sequelas motoras, de movimento. Perde o movimento de um braço, de uma perna ou da língua, da fala. Mas existe o AVC de trás do cérebro, que é capaz de causar descoordenação motora, não conseguir caminhar, porque falta equilíbrio, tontura crônica e outros”, detalha. Além disso, o AVC pode levar a morte.