Familiares de casos positivados e que moram na mesma residência não estavam em casa, o que preocupou pesquisadores
O final de semana teve pesquisa para identificar a progressão do novo coronavírus no Vale do Rio Pardo. Em 14 municípios da região, foram aplicados cerca de mil testes rápidos simultaneamente. Na próxima quinta-feira, a equipe responsável deve divulgar as conclusões preliminares e mais detalhadas desta fase, a primeira de quatro que compõem o estudo encomendado pelo Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale), em parceria com a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e apoio da Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo e da Philip Morris Brasil. "Tivemos uma ótima adesão dos participantes, nas entrevistas e nas coletas. Foi muito positivo, com um envolvimento grande de todos os municípios, servidores, alunos, pesquisadores e principalmente da comunidade. Todos compreenderam a importância do estudo, necessário para conhecermos a real expansão da Covid-19 na região, o que ajudará na tomada de decisões dos gestores", afirmou a enfermeira e diretora executiva do Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale), Lea Vargas.
Segundo a pesquisadora e professora da Unisc, Mari Ângela Gaedke, foi possível coletar 100% da amostra prevista. Além de Santa Cruz do Sul, onde os testes foram aplicados por estudantes da área da saúde da Unisc, houve coletas em Boqueirão do Leão, Candelária, Gramado Xavier, Herveiras, Mato Leitão, Pantano Grande, Passo do Sobrado, Rio Pardo, Sinimbu, Vale do Sol, Vale Verde, Venâncio Aires e Vera Cruz. Nesses locais, os entrevistadores foram servidores dos próprios municípios. Mais de 200 pessoas estiveram envolvidas.
Um dos aspectos inovadores da COVID-VRP é que todas as pesquisas só tiveram entrevistas e coletas nas zonas urbanas, mas esta abordou também as zonas rurais, gerando um dado inédito. "No meio rural, onde imaginávamos que pudesse haver uma resistência por parte da comunidade, encontramos um ambiente de tranquilidade, com aceitação da população. Facilitou muito que os coletadores eram servidores e profissionais da saúde dos próprios municípios, e por isso agradecemos o apoio das prefeituras", disse o coordenador-geral do estudo, o professor e médico infectologista, Marcelo Carneiro.
Nos casos em que o teste rápido deu positivo, as equipes orientaram as pessoas a ficarem em isolamento, e informaram a Vigilância Sanitária. Aqueles com sintomas, foram recomendados a buscarem atendimento na rede de saúde. "Alguns familiares destes positivados e que moram na mesma residência não estavam em casa, o que dá uma tendência de que a população está indo pra rua. Assim, não conseguimos fazer a coleta em todos, como era o objetivo, e estes serão acompanhados pela Vigilância de cada município. O estudo tem esta importância de mostrar como está a transmissão do vírus dentro da região, o comportamento da doença e das pessoas", relatou o médico.
Neste domingo, analisando dados parciais após o retorno dos testes realizados nos municípios, Marcelo Carneiro comentou que os pesquisadores esperavam uma positividade maior em algumas localidades, o que não ocorreu. "Em alguns municípios, a transmissão comunitária do vírus iniciou mais cedo, alguns inclusive com surtos em clínicas geriátricas, e se esperavam números diferentes. Mas tudo isso vai ficar mais claro após a realização das quatro etapas e da análise dos dados. É importante ressaltar que a metodologia do nosso estudo é diferente da realizada pelo governo do Estado. O teste rápido utilizado é com anticorpos separados, a gente consegue dizer se a doença é mais nova ou se tem um tempo maior. Não obrigatoriamente significa que a pessoa está doente, mas que ela já entrou em contato com o vírus e produziu anticorpos", concluiu o médico.
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