Reajuste seria feito de forma automática, sem a realização de assembleias devido à pandemia. Indústrias não aceitaram proposta
Preocupada com a pandemia do novo coronavírus e a inviabilidade de realização de eventos coletivos de trabalhadores, a Federação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Afins (Fentifumo) sugeriu a não-realização temporária das assembleias negociações presenciais, até que ocorra o fim da pandemia. Em contrapartida, a entidade solicitou o repasse do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), medido nos últimos 12 meses conforme data-base.
De acordo com o presidente da Fentifumo, Gualter Baptista Júnior, o reajuste seria uma compensação temporária, até que autoridades de saúde liberem reuniões e eventos coletivos. "Para que o trabalhador não fique então sem ter uma recomposição salarial nós sugerimos o repasse do INPC, e logo assim que houver possibilidade, nos reunimos para discutir outras pautas e cláusulas referentes aos dissídios coletivos”, destaca.
Com datas diferenciadas, as primeiras assembleias deveriam ser realizadas para trabalhadores da Souza Cruz e JTI, cujo dissídio é novembro. Na sequência são as demais empresas, em dezembro, e em janeiro de 2021, é a data-base dos empregados da Philip Morris. “As empresas retornaram dizendo que preferiam buscar uma alternativa às negociações. A Federação alegou ainda que as dificuldades de se fazer assembleia, mesmo quando se tomam os cuidados de distanciamento, no entanto, não avançamos”, pontua o presidente.
Agora, federação e sindicatos estudam como realizar o processo, dividido em três partes. Primeiro é necessária a assembleia de construção de pauta – na presença dos trabalhadores – em cada um dos sindicatos. Após esta etapa, se faz a mesa de negociação, com as empresas, para a apresentação das propostas. Por fim, deve ser feita a assembleia para validar o que a negociação com a empresa apurou. “É um desafio muito grande que temos pela frente, mas como as empresas não gostariam de fazer apenas a correção da inflação, estamos agora avaliando. A entidade reuniu-se com seus sindicatos na última sexta, para definir como faremos este processo”, complementou.
Federação quer garantia de contratação em 2021
Outro aspecto relacionado à pandemia do novo coronavírus tem preocupado a Fentifumo e seus sindicatos filiados. O afastamento de trabalhadores que são de grupos de risco para o novo coronavírus. “Não queremos correr o risco de ter trabalhadores excluídos dos processos de contratação, em caso de fim da pandemia”, explica o presidente.
A intenção da Fentifumo e dos sindicatos é acompanhar o processo seletivo dos temporários para que não ocorram restrições aos trabalhadores das indústrias. “Estes trabalhadores que foram colocados nos grupos de risco pelas autoridades de saúde não podem ser preteridos em futuras contratações”, complementou Baptista Júnior.
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