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    Maiquel Thessing
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    “Os resultados de uma empresa vêm através das pessoas”, diz vice-presidente da JTI

    Publicado em: 05 de novembro de 2020 às 15:21 Atualizado em: 22 de fevereiro de 2024 às 23:49
    Foto: Maiquel Thessing/ Arauto FM
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    De origem simples, Paulo Saath cresceu em Linha Nova, interior de Santa Cruz, e hoje lidera a operação de tabaco em folha no Brasil na empresa

    Santa Cruz do Sul é celeiro de grandes protagonistas e, entre eles, está Paulo Saath, vice-presidente da operação de tabaco em folha no Brasil da Japan Tobacco International (JTI). Já são 21 anos de história junto ao grupo JTI construída com base em uma meta pessoal: contribuir com o desenvolvimento e o crescimento de pessoas.

    Essa forma de se relacionar com pessoas remete à sua origem simples, em Linha Nova, interior do município. Foi lá, em uma casa localizada próxima ao campo do Linha Nova, que ele nasceu, em 1976, e cresceu. “Da casa dos meus pais, por detrás da goleira, dava para assistir ao jogo de futebol que ocorria no campo do Linha Nova”, relembra. “Tenho ótimas recordações da época de guri, inclusive, comento com meus filhos hoje sobre o sentimento de liberdade que sentíamos, de tomar banho de rio, de se arriscar, muito diferente do que vemos hoje”, aponta. Entre as paixões de moleque gostava de jogar bola, na posição de meio-campista, além de estudar. Aliás, foi o gosto pelos estudos que o motivaram a sair de casa aos 13 anos, rumo ao Seminário Sagrado Coração de Jesus, em Arroio do Meio. Lá, concluiu o 2º Grau, deu início ao chamado ano propedêutico, mas não seguiu a carreira de padre.

    Após, retornou à Santa Cruz e anos mais tarde passou a trabalhar em uma empresa do ramo fumageiro que fornecia serviços para a Kannenberg. “Na época a Kannenberg me convidou para trabalhar com eles, em 1999. Sei que foi fruto da minha dedicação profissional e é isso o que costumo dizer, se você trabalha com seriedade, dedicação e procura se desenvolver, mesmo que a empresa não lhe enxergue, alguém vai enxergar”, conta ele, que após três meses junto à Kannenberg, viu ser fundada a KBH&C, para a qual também foi contratado.

    Esse, segundo Paulo, é um dos momentos que mais lhe marcaram ao longo dos anos de trabalho junto à JTI, mas recorda outros, como a transformação da empresa familiar para um grupo multinacional e a primeira experiência fora do país, na Ásia. “Imagine, alguém que nasceu em Santa Cruz e cujo sonho de criança era conhecer Porto Alegre, de repente estar em outro país. Havia toda uma preocupação se daria certo, mas no fundo fui percebendo que o que move as pessoas em qualquer lugar do mundo são os mesmos princípios, como o de liderança. Na verdade, as pessoas querem se sentir valorizadas e parte do todo que a empresa está fazendo e construindo”, frisa.

    A EMPRESA

    Hoje, Paulo lidera toda a operação de tabaco junto à JTI e afirma que além de a empresa abastecer o mercado doméstico no país, é a maior fornecedora individual para a JTI no mundo. “Quase 20% do tabaco que a JTI utiliza no mundo todo sai da unidade daqui”, salienta. Segundo ele, a grande força da empresa é o planejamento. “Trabalhamos com a mentalidade japonesa, cuja cultura tem a organização e o planejamento muito fortes. Hoje, estamos em um processo de transformação, onde buscamos manter a força do planejamento e, ao mesmo tempo, ganhar agilidade para entregar ao consumidor a experiência, a qualidade e a segurança que ele busca”, pontua. “A empresa não trabalha só focada no acionista, pois tem um cuidado também com todos os stakeholders, as pessoas que estão envolvidas de modo geral na cadeia produtiva. Isso porque o acionista entende que se o colaborador não está feliz, não vai produzir e, da mesma forma, ocorre com o fornecedor. Temos 11 mil fornecedores [produtores de tabaco] que são grandes parceiros. Sem eles não existe JTI”, completa.

    Justamente essa atenção aos colaboradores que Paulo acredita estar sendo um diferencial, não só para a JTI, mas também para outras empresas, durante a pandemia.  “Os resultados de uma empresa vêm através das pessoas, então, mais do que nunca, as empresas precisam cuidar das pessoas, da saúde delas e do seu bem-estar para manter a produtividade”, explica, ao citar que no início da pandemia a unidade da JTI em Santa Cruz do Sul paralisou as atividades por duas semanas para reestruturar processos e garantir a saúde dos colaboradores. Segundo ele, a decisão foi tomada em apenas 24 horas e foi umas das mais difíceis das quais participou em toda a carreira.

    Paulo, frisa, ainda, que a JTI tem investido fortemente no Brasil inteiro, bem como em Santa Cruz do Sul, onde vê potencial em termos de conhecimento, capacidade de investimento e desenvolvimento de pessoas. “Temos uma agenda forte de investimentos, como o projeto de produção de palheiros, anunciado recentemente. De novo, olhando para os grandes stakeholders, o consumidor está dizendo que quer um produto diferenciado, isso nos dá a possibilidade de gerar emprego e renda na região que operamos e, por consequência, se a gente olhar num todo, talvez o resultado para a JTI não seja tão impactante, mas ele ocorre nas pessoas e na comunidade que operamos e no propósito de oferecer ao consumidor momentos de prazer com a qualidade do nosso produto, isso é que é fundamental”, esclarece.  

     “Tenho a figura dos meus pais como inspiração”

    Com tantos aprendizados ao longo da carreira, Paulo remete a vida simples no interior de Santa Cruz para citar sua inspiração diária: os pais. Apesar da simplicidade do casal, que estudou apenas até a 4ª série do Ensino Fundamental, o filho salienta que todas suas conquistas são atribuídas aos valores aprendidos em casa. “Lembro da dureza com que meu pai tratava os valores e, hoje, dentro da empresa falamos muito disso, como por exemplo, relacionado à segurança do nosso colaborador, isso não é uma indicador é um valor. Quando se trata de um indicador em algum momento se pode repriorizar ou negociar, mas valor você não negocia”, enfatiza, ao citar que além dos pais, tem como inspiração professores, chefes e líderes que o moldaram tal como o profissional que é hoje.

    Além disso, Paulo se orgulha de ter se dedicado aos estudos desde jovem, ultrapassando a barreira do senso comum na época, que pregava que para ser agricultor não era preciso investir nos estudos. Por isso, se pudesse dar uma dica aos jovens, diria para estudarem. “O estudo me deu opção. Mesmo se a opção for ficar no interior, ir para a cidade ou até mesmo buscar uma carreira diferente, o estudo vai fazer a diferença. Na nossa época, o acesso à escola era mais dificultado, mas, hoje, o conhecimento está disponível na ponta do dedo, não existe mais desculpa para não se desenvolver, buscar o conhecimento”, destaca.

    VIDA PESSOAL

    Fora dos negócios, Paulo também é marido, pai e cultiva diversos hobbys. Ele é casado com Rosane e pai de Gabriel, de 15 anos, e Otávio, de 11. Entre os passatempos preferidos está a gastronomia. “Gosto de cozinhar, adoro carne vermelha, além de apreciar comidas picantes, devido à vivência na Ásia”, revela. Outra paixão antiga, a vivência no campo, se mantém presente, tanto que as horas de lazer costumam ser em uma propriedade no interior de Encruzilhada do Sul – adquirida por ele e a família também para o cultivo de alimentos.

    REALIZADO

    Ao olhar para trás, Paulo acredita já ter realizado seu maior objetivo profissional: contribuir com o desenvolvimento das pessoas. E dessa forma, quer seguir os próximos anos de contribuição com a empresa e os colaboradores. “Enquanto me sentir útil nessa jornada, estarei à frente dela”, arremata.