Casal era bem quisto pelos vizinhos, que sequer sabiam sobre a condenação de Joca
Um caso de atentado violento ao pudor contra uma menina, ocorrido em Vera Cruz no ano de 2004, parecia ter caído no esquecimento. Mas voltou à tona nesta semana com a localização do homem condenado pelo crime. João Carlos Lehmen, de 67 anos, foi preso na tarde de quarta-feira, no interior de Cachoeira do Sul. Ele estava escondido no Balneário Irapuá, a cerca de 25 quilômetros do centro da cidade. Desde 2013, ele era considerado foragido e chegou a figurar na lista de procurados da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), pela suspeita de que pudesse estar fora do Brasil.
Há cinco anos, João Carlos Lehmen e a esposa viviam de forma discreta no remoto Balneário Irapuá, existente entre a cidade de Cachoeira do Sul e a BR-290, nas proximidades da Ponte do Fandango. O casal, inclusive, foi pego de surpresa quando a equipe de agentes da Polícia Civil chegou no local. Segundo um dos agentes que acompanhou o mandado de prisão, Joca não imaginava que seria localizado, pois estava vivendo uma vida pacata, de casal idoso e aposentado. “Ele saiu da propriedade abatido”, conta o agente.
O fato também pegou os vizinhos de surpresa, pois não imaginavam que Joca fosse condenado por atentado violento ao pudor. O casal era bem quisto na localidade. “Eles são pessoas excelentes, muito boas”, conta uma vizinha. “Uma vez que outra via ele, mas ela saía com mais frequência e sempre cumprimentava. A última vez que o vi foi há cerca de três dias”, acrescenta.
Alguns metros distante da casa do professor aposentado, um casal de vizinhos também relata que não havia pessoas iguais a eles. “Todos os dias os dois caminhavam até a barranca do rio. Um vez pela manhã, outra à tarde”, lembra. Apesar de ser discreto, quando havia jogo de bocha em uma cancha próxima, Joca assistia. “Ele gostava de vir olhar”, frisa o casal.
A equipe de reportagem do Grupo Arauto esteve ontem no balneário que servia de refúgio para o casal Lehmen e flagrou um caminhão carregando seus pertences, num indicativo de que a esposa de Joca deixará de residir no local depois da sua prisão, ocorrida quarta-feira.
Os vizinhos, simpatizantes do casal, continuavam sem acreditar que Joca chegou a ser procurado pela Interpol e que escolheu o pacato balneário para se esconder.
DISCRIÇÃO NO DIA A DIA
Após cumprimento de mandado de prisão, João Carlos Lehmen prestou depoimento. Em seu relato, disse ter sido preso em 2013, sendo liberado logo em seguida, por meio de habeas corpus. Em 2014, ele e a esposa acabaram comprando uma casa em Irapuá. Como perdeu o cargo público de professor estadual, o casal vivia com a aposentadoria dela. O delegado conta que Joca estava usando barba, “tinha tentado descaracterizar a aparência que tinha na época do crime”. No momento da prisão, ele estava acompanhado da esposa, não reagiu e disse que estava refugiado no balneário aguardando o crime prescrever.
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