Jacson Rabuske é proprietário do Supermercado Rabuske e do Quiosque Sinimbu
Falar em celebração um ano após a enchente que devastou Sinimbu pode soar estranho para quem viu a dor, a lama e os prejuízos tomarem conta do Vale do Rio Pardo. Para muitos empresários que viveram o colapso de seus negócios e hoje se reerguem, o sentimento é outro, de gratidão, de força coletiva e, acima de tudo, de reconstrução.
É o caso do empresário Jacson Rabuske, proprietário do Supermercado Rabuske e do Quiosque Sinimbu, empreendimentos da cidade que foram duramente atingidos. Um ano depois, ele quer comemorar, não a tragédia, mas o que veio depois dela. “Eu acho muito importante registrar não só a tragédia, mas também a reconstrução. Isso também precisa ser contado”, destaca.
O cenário enfrentado por ele e por outros empreendedores locais foi dramático. Foram noites sem luz, sem água e sem perspectivas. Durante quase dez dias, tudo parecia perdido, mas em meio ao caos, surgiu o que Jacson chama de a força da união. Amigos, vizinhos, voluntários e até concorrentes se transformaram em aliados na luta para colocar a cidade de pé.
“Me ajudou a virar a chave, a reconstruir meus negócios, mas também a ajudar os outros. Aqui, a gente se abraçou por uma causa só”, conta. A prova desse espírito está marcada no calendário. A data de 21 de maio foi a Jacson e outros empresários combinaram de reabrir seus comércios ao mesmo tempo, mesmo que pudessem ter feito isso dias antes.
Apesar dos avanços, ainda há desafios. Um deles é a Ponte Centenária, que continua interditada e afeta diretamente a logística. Segundo Jacson, cerca de 60% do interior do município depende da travessia para acessar o centro. “A ponte é a base de tudo. Sem ela, muitos moradores optam por comprar em outras cidades. Isso impacta diretamente no nosso comércio. A reconstrução da ponte vai ser decisiva para nossa retomada completa”, afirma.
Mesmo com as dificuldades, Jacson vê o futuro com otimismo. Após a enchente, ele abriu uma nova empresa e já projeta 2025 como um ano de expansão e fortalecimento. “Eu sempre tive o sonho de remodelar meu supermercado. E, por mais contraditório que pareça, foi depois da enchente que consegui fazer isso. Hoje, meus negócios estão muito mais próximos do que eu sempre quis. A gente reconstruiu com o que tinha, com muito esforço”, disse.
Entre lembranças difíceis e conquistas importantes, Jacson prefere manter o foco no que foi superado. Ele reconhece que o município ainda tem feridas a cicatrizar, como calçadas quebradas, a praça pública ainda sem grama, obras inacabadas, mas acredita que, com o mesmo espírito de união, tudo será vencido. “A vida não é só negócio, não é só dinheiro. Hoje eu estou restabelecido, meus empreendimentos estão indo bem, mas o mais importante foi ver que a gente pode, sim, recomeçar. E que ninguém aqui recomeçou sozinho”, colocou.
Entrevistas com lideranças empresariais, como Jacson Rabuske, é um dos destaques do podcast que o Grupo Arauto fez sobre o primeiro ano das enchentes em Sinimbu. Ouça:
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