A família está sendo esquecida e o alerta da importância dela veio no último relatório mundial da felicidade divulgado pela ONU
A cada dia que passa me convenço que é na família onde tudo começa. Saudades do meu pai, mamãe permanece comigo, quando busco nas memórias o domingo de manhã onde ele escutava suas músicas gauchescas e eu absorvia o conhecimento das suas palavras sem ainda conseguir entender a profundidade, pois quando se é jovem temos a tendência em pensar que sabemos mais que eles.
Confesso que se ele estivesse nesse plano, na atualidade, sofreria muito pois para quem foi criado na valor da palavra, o famoso “fio do bigode”, o mundo atual por vezes não faria sentido na medida que estamos vivendo na terra de ninguém.
A cada dia somos invadidos por informações desinformadas, propositalmente, haja vista que o caos é melhor àqueles que pensam ser a nova ordem, aquela que deve prevalecer. A questão talvez esteja no fato que o sentido das coisas deixou de valer pelo coletivo e prioriza-se a individualidade dos interesses pessoais.
A interpretação de um contexto tem relação direta com o que carregamos internamente e, assim sendo, os valores adquiridos na família acabam por determinar quem realmente somos e o que fazemos, pelo menos assim deveria ser. Entretanto, essa não tem sido a realidade e o que mais vemos são pessoas desviando do caminho predito como ideal.
Lembro do meu velho pai falando que ficássemos tranquilos pois aquilo que não fosse resolvido por aqui, quando chegasse “lá em cima” seria encaminhado. Hoje, infelizmente, começo a pensar que esse “lá em cima” acaba por ser uma questão divina haja vista que os seres humanos responsáveis pela condução do mundo por aqui estão perdidos.
A sensação que tenho é de estarmos com as mãos amarradas e a boca amordaçada. Retrocedendo mais um pouco, me sinto com correntes no tornozelo, fazendo meu trabalho e recebendo apenas pão e água em troca. Tudo isso, ainda, sob a supervisão de uma suprema corte gestora com poderes que, por vezes, ultrapassam os limites da fraternidade e da humanidade e beiram uma ideologia que, para mim, não faz sentido.
A família está sendo esquecida e o alerta da importância dela veio no último relatório mundial da felicidade divulgado pela ONU. Ajudar as pessoas, da mesma forma; entretanto para que surta efeito na vida de cada um há a necessidade de se acreditar que a benevolência ainda pode ocorrer de maneira honesta, ou seja, verdadeira.
Honestidade e verdade caminham juntas talvez seja um dos grandes ensinamentos que meu pai deixou de exemplo. Não estranhe, contudo, que no dia-a-dia encontrará pessoas determinadas em transformar tudo numa narrativa de enredo nebuloso onde os interesses caminharão a fazer com que as pessoas lhe vejam como o “errado da história”. Infelizmente é assim que o mundo tem caminhado, ou não, pois é cada vez mais forte a sensação de que estamos na marcha ré.
Interessante também é perceber que a cada dia somo persuadidos a mudar nossos valores; parece uma tentativa de doutrinação, me espanta, pois percebo que não é o nível de conhecimento das pessoas que determina a capacidade de escapar dessas “armadilhas” e sim a solidez dos valores construídos desde a infância. Ser uma pessoa estudada, como falava minha vó, na atualidade apenas te faz receber um pouco mais de grana no trabalhar, apenas isso.
Conheço pessoas que exigem ser tratadas pelos seus títulos e confesso que fico triste, prefiro assim falar, pois percebo que elas estudaram tanto que se perderam ou melhor se diga perderam a essência da vida. Respeito e educação não podem funcionar na base da imposição e sim na admiração. Conheço pessoas que entendem estar na roupa, no perfume, na bolsa, no carro , na casa e nas viagens o sucesso de tudo sendo que acabam por esquecer quem realmente são para serem quem os outros esperam que sejam.
Atualmente cresce de maneira avassaladora casos de ansiedade e depressão e me dói o coração perceber o sorriso da porta para fora e a solidão da porta para dentro. Menos pode ser mais e não estou falando de dinheiro, apesar de entender que ele é fundamental, mas devemos ficar atentos que ele não pode ser tão importante a ponto de nos levar ao vazio. Essa é uma sensação horrível pois em determinados momentos o ser humano, mesmo cercado de pessoas, tem manifestado sentir-se sozinho.
Pior que perceber isso tudo é ficar perdido e sem saber como ajudar as pessoas. Existem momentos que o caminho parece sem saída mas penso que é justamente isso que muitos esperam de nós.
A árvore quando em crescimento recebe as estacas a fim de seguir o caminho “reto” em direção à luz porém muitas vezes, depois de crescida, necessita das mesmas para que seus galhos não quebrem haja visto o peso dos frutos. O segredo está nas raízes serem fortes e essas, de maneira figurada, nada mais são do que os valores que cultivamos em família.
Precisamos manter o foco de nossas ações naquilo que realmente temos controle e onde podemos agir. Já dizia minha amiga Bianca Ogata que “…antes de querermos mudar o mundo é necessário das três voltas dentro de casa”. Assim, eu lhe proponho, usemos o dia de hoje para reconhecer aquilo que realmente está ao nosso alcance e que realmente podemos fazer para melhora a nossa vida e de todos que estão ao nosso redor não esquecendo que para dar certo é preciso acreditar, ter fé, bem como ser honesto e verdadeiro consigo. Abençoado dia.
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