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Daniel Cruz

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O ponto de partida

Publicado em: 29 de dezembro de 2024 às 08:30
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Entra ano, sai ano e as tradicionais promessas, as famosas listas, o sonho da premiação única, em milhões, aparecem para bagunçar o cenário do filme mental que assistimos mesmo talvez sabendo o final, ou na ideia de que poderemos mudar o roteiro.

Essa semana “criei” um ditado que seria mais ou menos assim: “Em terra de mentiroso quem menos mente é apenas menos mentiroso”. Na minha humilde percepção é uma realidade, pois não podemos aceitar algumas como “certas” pelo simples fato de serem menores no seu quantitativo.

Vivemos isso, diariamente, em diferentes esferas as quais vão do social ao pessoal num piscar de olhos, do público ao privado e assim por diante. É a famosa fala de um político para “causar” algo como ele mesmo diz, a fim de sustentar sua narrativa. É o empresário que atribui todos os insucessos ao governo, é o cidadão que mesmo recebendo diz que não recebeu. E o “eu” quando sorri ao passar por uma pessoa e que após isso tece comentários pejorativos sobre a mesma.

Nosso dia-a-dia é rodeado destes momentos e a cada instante nossa régua de valores é acionada. Medimos tudo, calculamos certeiramente, ou não, o certo e o errado. Muitas vezes os cálculos falham e é quando insistimos no resultado mesmo estando equivocados, pois para o nosso mundo ele está valendo ainda que, lá no fundo, saibamos que as regras de convivência em harmonia postulam que não seria correto.

Cada “mentira”, ainda que pequena, no somatório das mentiras, tem nos levado a um universo de mentiras. Chegamos num ponto que criamos uma nova identidade para a mentira a fim de tentarmos nos enganar que ela ocorre apenas com alguns, os mal intencionados, e passamos a chamar a mesma de fake news.

 Um ponto interessante é que, bem ou mal, ela sempre esteve entre nós, desde a criação da humanidade, lá no paraíso, lembra? Uma simples maçã foi por onde tudo começou…kkkk….e desde então ela habita entre nós.

A grande questão talvez seja a de que não mentimos para os outros, pois antes de tudo mentimos primeiramente a nós mesmos. Quando passamos a observar melhor, passamos a perceber a mesma de maneira mais aguçada e, acima de tudo, conseguimos ver o quanto ela nos faz mal.

 

Na virada do ano, a promessa da dieta, da academia de maneira contínua, do acordar mais cedo, do reclamar menos e agradecer mais são pequenas mentiras que muitas vezes contamos a nós mesmos, tentando acreditar, mas como não percebemos o mal que nos fazem, acabamos por deixar passar e assim seguimos dando nossa contribuição para essa roda girar.

Muitas vezes a mentira vem como disfarce e vingança das mazelas e decepções que tivemos na vida. Vem fantasiada de discursos irônicos, com maquiagem de super herói, de salvador, de messias, na ideia de, por meio das consequências que gera, propiciará a quem a proliferou a também falsa sensação de que a justiça foi cumprida.

Orai e vigiai minha gente, não está fácil o momento pelo qual o mundo passa. Precisamos retomar ou construir o conceito de fé se quisermos viver em harmonia neste plano por mais tempo. O momento é propício, sejamos verdadeiros na virada, no novo ano que inicia. Façamos listas pequenas, porém verdadeiras, pois o que vale é a qualidade e não a quantidade.

Sejamos verdadeiros conosco, primeiramente; esse talvez seja o ponto de partida para 2025. Os Astros podem dizer, Deus pode orientar, assim como os Orixás mas, apenas cada um de nós pode fazer a sua parte. É no somatório de nossas ações que tenho a esperança de que o ano que se aproxima seja mais humano, justo e perfeito. Que assim seja!!!