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    Maiquel Thessing
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    Tenente Carlos Savian: um militar que nasceu para o trabalho em equipe

    Publicado em: 29 de outubro de 2021 às 15:32 Atualizado em: 02 de março de 2024 às 14:21
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    Grande líder, comandante da BM de Vera Cruz gosta de caminhar lado a lado com os times que encontra pela vida

    Um homem do dever, do bem e que nasceu para a liderança. A trajetória do Tenente Carlos Savian, comandante da BM de Vera Cruz, é embasada na dedicação que sempre teve com o serviço militar, seja quando ingressou no Exército ou após entrar na Brigada Militar e fazer sua carreira. Conhecido e reconhecido pelos colegas de Santa Cruz do Sul e Vera Cruz, sua história ensina a diferença entre um chefe e um líder, além de mostrar que toda equipe amparada por um comandante que caminha ao lado – e não a frente – traz muito mais resultados.

    Sua paixão pela segurança pública começou cedo, quando ainda era criança. Ao lado da família, em Boca do Monte, distrito de Santa Maria, estudava a história militar. "Eu sempre gostei dessa história que tem o nosso Estado, em que nós sempre estivemos a frente, e isso me encantava", conta. Um dos momentos que mais gostava era quando a madrinha, que ajudou em sua criação, contava a história de José Antônio Netto, conhecido como General de Guerra Zeca Netto, líder maragato da Revolução de 1923. "Comecei a estudar, a ler e a entender. A buscar a história. Meu avô, na época de 1930, foi lutar na guerra e muito por isso quis ir para o lado do militarismo", fala. 

    Quando completou 18 anos, se alistou e serviu na unidade do 7º BIB em Santa Maria. "Ali eu comecei minha carreira militar. Ali foi moldado meu caráter", salienta. E por mais que quisesse ter servido em regimento de cavalaria, por inspiração do avô, foi feliz no Batalhão de Infantaria. "Eu nunca esqueci de uma palavra que eu li do Marechal Osório, que é o patrono da cavalaria: 'É fácil a missão de comandar homens livres, basta mostrá-los o caminho do dever'. Se eu sei qual é o meu dever, eu sei o que eu tenho que fazer. Eu nunca errei na minha vida por causa disso", pontua. 

    Tempo mais tarde, aos 24 anos, idade limite para entrar na Brigada Militar, se inscreveu no concurso. Em parceria com um primo, comprou um cursinho e estudava nas horas livres. Eram três mil vagas em todo o Rio Grande do Sul e uma foi conquistada por ele. E quis o destino que não existissem mais vagas em Santa Maria, pois assim foi para Rio Pardo, onde conheceu o amor de sua vida. "Em fevereiro de 2003 inclui na BM e fui para Rio Pardo. As turmas eram mescladas com mulheres e lá arrumei a minha família. No curso de formação eu conheci a Michele, nos apaixonamos, viemos para Santa Cruz do Sul após formados, ficamos um tempo namorando e resolvemos constituir família. Estamos juntos até hoje", se alegra.

    Com Michele Vargas, comandante da 5ª Companhia da Brigada Militar, o tenente Savian tem um casal de filhos adolescentes – um menino de 17 e uma menina de 14 anos -, inspiração e motivação diária para o árduo trabalho dos dois. "Eles representam tudo. São os motivadores para eu levantar da cama, trabalhar todos os dias e seguir em frente. Sei que não posso decepcioná-los. Tento ser o pai e o doutrinador, porque o mundo é difícil. Não podemos blindar as crianças, mas temos que preparará-los para esse mundo. Amanhã eu posso não estar aqui, pois nossa profissão é difícil e todo dia eu penso: 'bah, voltei para casa'. Afinal, uma ocorrência que começa pequena pode se transformar num inferno. Por isso, tentamos sempre aproveitar o máximo. Minha família é minha base para tudo", diz. 

    Um líder nato 

    Quis também o destino que – logo após a formatura no curso da BM – o policiamento ostensivo da Brigada Militar começava a contar com o apoio dos cavalos, grande paixão da vida de Savian. De dezembro de 2003 a 2006, atuou como soldado do Pelotão de Operações Especiais (POE), período em que ocorriam as buscas pelo criminoso José Carlos dos Santos, o Seco, capturado em abril de 2006. Participou de perseguição, teve a viatura capotada, foi o primeiro a operar fuzil na região. "Ficamos naqueles dois anos em função da prisão deles. Nós não dormíamos mais em função disso. Eu era chamado pra tudo, operava todos os armamentos, mas sempre gostei disso", recorda. 

    Por conta de suas atividades a frente do policiamento, pensaram nele quando a área da inteligência policial foi criada. "Nós vivíamos nos locais onde tinha a marginalidade. Foi um mundo novo, quando eu precisei fazer todo o serviço de busca de dados para colocar tudo num papel", explica. Esse desafio ele viveu de 2006 a 2010. "O tempo que passei na Inteligência foi importante para saber trabalhar esse serviço que hoje, na Brigada, é de suma importância. Hoje não se pensa mais em trabalhar sem informação. É com essas informações que passamos para o comando como fazer a ação", detalha. 

    Em 2010, foi aprovado para o concurso de sargento e foi para a escola, onde ficou quase um ano. Depois, retornou para a inteligência e Corregedoria. "Eu sentia que não era meu lugar. Quando eu trabalha na inteligência, eu via a viatura do POE saindo e chegava a tremer na base. Eu pensava: Tenho que voltar pra lá! Eu precisava comandar alguma coisa e exercer a função de sargento", relata. Em 2012, o sonho tornou-se realidade e ele pode permanecer junto ao pelotão até 2019. "No POE eu tinha pouca vida social, mas profissionalmente era uma realização. A Força Tática, que seria o POE do passado, é a linha de frente de qualquer batalhão. É o pau para toda obra", resume. 

    No POE realizou muitas ações importantes e a criação do Canil Setorial Regional do Comando Regional de Polícia Ostensiva do Vale do Rio Pardo, com certeza, foi uma delas. Ao fazer o TCC do curso de Direito, começou a estudar sobre o uso de cães pela polícia. "Reuni uma gurizada que gostava de cachorro. Comecei a estudar a lei municipal para formar o canil dentro da Brigada sem ter problema. Enquanto a Brigada Militar no Estado fechava canis e cavalarias, nós aqui tentávamos abrir o canil. Tudo estava contra nós. A perspectiva era zero, mas tivemos fé na missão. Provamos que o serviço era essencial, útil e necessário. Conseguimos em 2016 inaugurar oficialmente o canil, com ajuda da Prefeitura", conta. Mesmo com toda a liderança no assunto, Savian não se reconhece como pioneiro. "O sargento Ayres trabalhou com dois pastores alemães lá na década de 90, quando o canil ficava onde hoje é o CRPO. Peguei muito auxílio com ele para formar e manter o canil. Conseguimos com muita luta fazer esse canil que hoje se apresenta na Oktoberfest e que é demandado em todo o Vale do Rio Pardo e Vale do Taquari. Tudo que eu consegui sempre teve gente da retaguarda que me deu apoio. Esse é o diferencial do grupo, de ter essa lealdade entre nós", destaca. 

    Lealdade que sempre esteve presente. Nos últimos anos no POE, já sargento e atuando como comandante, sua figura de liderança ficou ainda mais evidenciada. Nesse cargo, sempre caminhou ao lado dos soldados, os apoiando e os fazendo entender que todos, independente de hierarquia, fazem parte do mesmo time. Quando foi transferido para o comando da Brigada Militar de Vera Cruz, a emoção tomou conta do grupo. "Isso me marcou bastante. Sempre que posso prestigiar eles, eu prestigio. Esse foi o diferencial quando vim pra Vera Cruz. Aliado com a experiência que eu tinha da Inteligência, aliado com a experiência que eu tinha de trabalhar em pelotão especial e a lealdade que eu tinha desses homens que sempre me ajudavam. Quando assumi o pelotão aqui vi que o pessoal estava pra baixo e a sede não estava em condições. Procurei arrumar toda essa parte de aquartelamento, fiz toda uma reserva de armamento adequada para eles, fiz uma sala de operações e um alojamento. Arrumei garagem, viatura e tudo que precisam para executar um bom serviço", salienta.

    De acordo com Savian, um comandante tem que estar na retaguarda da sua tropa vendo todo o cenário, vendo um por um, para saber como vai executar melhor a missão e dar todo o aporte que precisa. "É a diferença do chefe e do líder. Se o cara quer ser chefe é muito simples. É só mandar e não dar bola pra eles. Agora tem vezes que precisamos ser pais, mães, conselheiros, tudo. Eles são seres humanos. Eles trabalham só com o que não presta. Então temos que chamar, ver a situação, dizer que vai melhorar, que vai dar certo e dizer por onde caminhar. Eu acredito que os soldados daqui sabem que o comandante está com eles. Se eles fazem algo errado, eu não vou passar a mão, mas eu vou, da melhor forma possível, tirar eles daquele problema. Quando você está no chão todo mundo te critica e não quer te dar a mão para você se levantar. Esse é o trabalho do líder. Erguer o cara do chão", ensina. 

    Para o futuro, muito trabalho

    Sempre envolvido com a Brigada Militar, o comandante Savian planeja ações para intensificar as ações de segurança pública no município. Entre suas metas está aumentar a atenção para a comunidade do interior e comércio, além de seguir investindo em câmeras de monitoramento e no cercamento eletrônico. O projeto, inclusive, é colocar em funcionamento uma sala de videomonitoramento em Vera Cruz, onde policiais da reserva possam atuar. 

    Na área da educação, a ideia é continuar e fortalecer a Patrulha Escolar, com a implementação no turno da noite. Nesta sexta-feira (29), a BM de Vera Cruz também deu início ao Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd) em três escolas da rede municipal e uma escola da rede estadual. Serão atendidas cerca de 80 crianças até o final do ano letivo de 2021. 

    Confira fotos da trajetória: