Há 50 anos, a essência e a base da família Berlt vem da terra
Conhecimentos e sonhos transmitidos de geração a geração. Há 50 anos, a essência e a base da família Berlt vem da terra. É das lidas no campo, por meio de mãos já experientes unidas a outras principiantes, que vêm o sustento. Dentre as diversas cultivares, o tabaco é a sua maior fonte de renda.
O desejo de constituir uma herança, de perpetuar a sucessão familiar e de passar às gerações seguintes da família uma fonte de renda efetiva, fez com que o casal Ivo e Ecilda apostasse no cultivo do fumo, logo após o casório. Filha única, Ecilda nasceu e cresceu na propriedade em Linha Herval de Baixo, na região serrana de Vale do Sol.
Criada pelos pais e avós, ela adquiriu de seus antecessores o amor às terras e às atividades cultivadas, que propiciavam o ganha-pão da família. Enquanto o pai era responsável pela marcenaria, mãe e filha semeavam e plantavam os mantimentos para subsistência da casa.
Com o casamento aos 19 anos, foi dado à Ecilda o compromisso de trazer novos olhares à propriedade e de prosseguir plantando prosperidade. E assim ela fez. “Antes de casar, disse para o Ivo que não sairia destas terras, pois não abandonaria o que meus pais e meus avós batalharam tanto para conseguir”, salienta.
A aposta do casal deu tão certo, que a cada nova safra, mais conquistas. “O fumo foi se tornando o nosso provedor”, ressalta o patriarca. A família cresceu, e com a chegada da filha Glaci, a esperança do ciclo continuar revigorou-se.
E sem muitas dúvidas, ela seguiu os passos dos pais. “Ela se criou na roça, entre os pés de fumo”, lembra Ecilda. Já estava escrito. “Eu não via a hora de poder ajudar no cultivo. Desde pequena, sabia que o tabaco era a minha herança”, conta Glaci, orgulhosa.
Também sendo filha única, foi incumbido a ela a tarefa da sucessão familiar. Coincidentemente, a história se repetiu. “Sempre falei que quando me casasse, continuaria aqui”, destaca Glaci. De mala e cuia, Alécio se mudou para a propriedade, herança da esposa. “Só poderia casar se viesse para cá”, brinca o esposo.
Glaci e Alécio assumiram o empreendimento familiar e trouxeram um novo ânimo às terras. As plantações de tabaco se espalharam por mais hectares e expandiram o negócio da família. Rigorosamente. “Nunca plantamos mais pés do que conseguiríamos dar conta. É um patrimônio somente nosso”, ressaltam.
Com o tempo, a chegada de mais uma geração renovou as perspectivas para o seguimento familiar. Em sintonia com a história da mãe, Glaci também teve uma filha única, a Alana. “O nascimento dela trouxe confiança e coragem para que nos mantivéssemos na cultura do tabaco”, diz a mãe. E com os rastros da família no campo, a jovem se viu refletida. “É o meu legado”, ressalta Alana.
Crescida em um ambiente familiar afetuoso e feliz, como eles mesmos identificam, a alegria de Alana era poder auxiliar nos afazeres na roça, mesmo que pequenos. Entre as brincadeiras que se fundiam nas folhas verdes, a menina começava a escrever o seu futuro.
Embora sejam muito discutidas alternativas que promovam a permanência do jovem no campo, afastando-se do êxodo rural, para Alana, a única certeza era a sua continuidade. “Eu nasci e cresci aqui e vou continuar vivendo nesse lugar. A roça é a minha paixão”, reforça. Ela também divide o seu amor ao namorado Luis Felipe, futuro membro da propriedade.
Com sugestões tecnológicas propostas pela neta, a propriedade caminha a passos largos, apesar de sua existência longeva. “Antes, o trabalho era mais manual, hoje, podemos contar com o auxílio da tecnologia”, frisa a avó.
No entanto, ao mesmo tempo em que Alana apresenta recursos modernos, os avós repassam à jovem as experiências acumuladas ao longo dos anos. Entre as três gerações, há muita troca. “Nossa família é muito unida. Um ajuda o outro. Estamos sempre em sintonia”, acentua Glaci.
Os avós Ivo e Ecilda, a filha Glaci, o esposo Alécio e a neta Alana, são um exemplo de que a sucessão familiar pode ser vantajosa. E a cultura do tabaco tem grande contribuição nesse feito. Isso porque é com a renda adquirida pelas safras que o progresso da família floresce e que a propriedade cresce e se diversifica.
São mais de 40 hectares com quase tudo. Além do predominante, há batata, mandioca, feijão, milho, criação de suínos, vacas leiteiras entre outros mantimentos. “Tudo que adquirimos até hoje é oriundo do fumo. Não conseguiríamos nos manter o ano inteiro se não fosse esse cultivo”, ressaltam.
Família unida e uma boa safra é o que os tornam realizados. “Com o tabaco vamos continuar semeando, plantando e colhendo prosperidade”, arremata a família.
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