Dr. Eduardo Sonda, médico infectologista, explica sobre os sintomas e como prevenir a proliferação do mosquito
O Ministério da Saúde informou que houve um salto nos casos de dengue nos primeiros meses de 2023. Entre janeiro e março, houve 210 mil casos prováveis da doença. O número é 43,8% maior do que o registrado no mesmo período no ano passado. O vírus da dengue é um grande problema de saúde pública do país. O acúmulo de água parada contribui para a proliferação do mosquito e, consequentemente, maior disseminação da doença. Sua incidência aumenta no verão, em dias quentes e úmidos.
Os surtos de dengue estão ligados à concentração do mosquito Aedes aegypti, por isso conhecer o hábito do inseto é um passo fundamental para combatê-lo. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a dengue não se transmite de pessoa para pessoa. A dengue é uma doença vetorial, ou seja, necessita do mosquito para haver a transmissão. O vírus causador da doença precisa se reproduzir no organismo do Aedes aegypti que, após um período de 8 a 12 dias, torna-se infectante.
"Os primeiros sinais e sintomas aparecem após o período de incubação que pode variar de 4 a 10 dias após a picada do mosquito. O início é semelhante aos sintomas gripais. Além disso, o mesmo mosquito também pode transmitir outras doenças como chikungunya, febre amarela e zika", explica o médico infectologista Dr. Eduardo Sonda.
A população deve ficar atenta aos sintomas da doença, que incluem febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dores musculares e nas articulações, além de manchas vermelhas no corpo. Em caso de suspeita, é importante procurar um serviço de saúde para receber orientações e tratamento adequados.
A forma clássica da doença tem uma duração aproximada de 5 a 7 dias. Com o desaparecimento da febre, há regressão dos sinais e sintomas, podendo ainda persistir a fadiga por alguns dias. Porém, existem formas mais graves da dengue, levando à hospitalização e, consequentemente, aumentando o tempo da doença.
Dengue hemorrágica
Quando a pessoa é infectada, o vírus entra na corrente sanguínea e se multiplica em órgãos, como baço, fígado e tecidos linfáticos, causando sintomas como febre, dor atrás dos olhos, machas vermelhas na pele, náusea e vômito, glândulas inchadas, dor de cabeça, dores musculares e articulares.Além disso, nas formas mais graves, a dengue também pode afetar coração, sistema nervoso central e outros órgãos-alvo.
O risco de desenvolvimento da forma mais grave da doença depende de fatores relacionados ao paciente, ao vetor e ao vírus. Por exemplo, idade mais avançada e condições preexistentes, como diabetes, hipertensão, obesidade e doença renal crônica, aumentam o risco de doença grave e dificultam o diagnóstico e o tratamento adequado. "Alguns sintomas deste caso mais crítico da doença envolvem dores abdominais intensas, sangue no vômito ou nas fezes, sangramento nas gengivas ou no nariz, aumento do fígado, entre outros", ressalta Sonda.
O diagnóstico se dá através de métodos como: hemograma, exames bioquímicos, testes virológicos, sorológicos e de detecção de antígenos.
O Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença, é parecido com o pernilongo comum, e pode ser identificado por algumas características que o diferencia, como: corpo escuro e rajado de branco e possui hábito de picar preferencialmente durante o dia. Porém, nem todo mosquito é portador do vírus. Para a dengue acontecer, o mosquito precisa estar infectado. Além disso, nem todas as pessoas infectadas adoecem. Cerca de 75% dos casos de dengue são assintomáticos.
Apesar de não existir um tratamento específico para a dengue, o controle dos sintomas é fundamental. "Com a detecção precoce da doença e cuidados médicos adequados, pode-se identificar os casos graves e reduzir muito a taxa de letalidade", explica o infectologista.
Cuidado com os ambientes
De acordo com o Dr. Eduardo Sonda, controle da doença passa, principalmente, pelo cuidado com os ambientes onde o mosquito pode se proliferar. "É na eliminação de locais que possam conter nas superfícies os ovos do mosquito com água parada tais como latas e garrafas vazias, pneus, calhas, caixas d’água descobertas, pratos de vasos de plantas ou qualquer outro que possa armazenar água de chuva", salienta.
Os cuidados para evitar a proliferação do mosquito incluem:
- Manter bem tampados tonéis, caixas e barris de água;
- Lavar semanalmente com água e sabão tanques utilizados para armazenar água;
- Manter caixas d’agua bem fechadas;
- Remover galhos e folhas de calhas;
- Não deixar água acumulada;
- Encher pratinhos de vasos com areia até a borda ou lavá-los uma vez por semana;
- Trocar água dos vasos e plantas aquáticas uma vez por semana;
- Acondicionar lixo em sacos plásticos e em lixeiras fechadas;
- Manter garrafas de vidro e latinhas de boca para baixo;
- Acondicionar pneus em locais cobertos;
- Fazer sempre manutenção de piscinas;
- Manter ralos tampados.
Vacina
A nova vacina contra a dengue, a Qdenga, está disponível em alguns estados brasileiros e em breve deverá estar em todos os municípios. Neste primeiro momento, a Qdenga será aplicada apenas na rede privada, como clínicas, laboratórios e farmácias.
O registro da Qdenga foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março deste ano. O imunizante deve ser aplicado em duas doses. "Esse é o primeiro imunizante autorizado no Brasil para pessoas que nunca entraram em contato com vírus da dengue. Podem receber a vacina pessoas com idade entre 4 anos e 60 anos", afirma Sonda.
Recomenda-se que a vacina não seja aplicada em pessoas com imunossupressão (tratamento quimioterápico e uso de doses elevadas de corticóide, por exemplo), mulheres grávidas, pacientes com HIV e pacientes com histórico de alergia aos componentes da vacina. Se estiver com quadro febril, é melhor esperar passar a fase aguda para se vacinar.
"A vacina é fundamental para quem já teve e também para quem não teve a doença. Vale lembrar que existem diferentes cepas virais e, às vezes, a pessoa já teve infecção por uma das variantes e não tem imunidade para as demais. Por isso, é importante se vacinar para ampliar a capacidade imunológica", finaliza o médico infectologista.
Contato
O Dr. Eduardo Sonda, médico infectologista, faz parte do corpo clínico do Hospital Ana Nery e atende no local. O telefone de contato para atendimento no hospital é através do (51) 2106-4466. Ele também atende na Clínica Saint Gallen, na Rua Marechal Deodoro, 1139, em Santa Cruz do Sul. O contato com a clínica pode ser realizado através do telefone (51) 3056-8686.
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