Falta de planejamento urbano é apontada como um dos principais fatores que contribuem para a vulnerabilidade das comunidades frente aos desastres climáticos
Com dezenas de milhares de pessoas desabrigadas no Rio Grande do Sul devido às enchentes recentes, um conceito antes distante ganha destaque na região – os migrantes climáticos. Vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), a professora Grazielle Brandt vem se dedicando a estudar esse fenômeno que tem se tornado cada vez mais relevante. De acordo com ela, os territórios mais atingidos por desastres no mundo incluem a América Latina, o norte da África e o sul da Ásia.
A pesquisadora destaca a necessidade de repensar essa categoria no direito internacional, pois, até o momento, os refugiados climáticos não possuem uma definição legal clara. Ela prefere o termo migrantes climáticos, pois, ao contrário dos refugiados políticos, essas pessoas se deslocam devido a condições climáticas extremas. “Ela precisa ser discutida não só na academia, na universidade, mas também pelas instituições políticas, pelos tomadores de decisão, pela própria sociedade”, disse Grazielle.
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A falta de planejamento urbano é apontada como um dos principais fatores que contribuem para a vulnerabilidade das comunidades frente aos desastres naturais. A professora ressalta a importância dos planos diretores municipais contemplarem questões relacionadas às mudanças climáticas, para tornar os municípios mais resilientes e preparados para enfrentar esses desafios. “A gente já vem percebendo essa situação desde o ano passado, especialmente na região do Vale do Taquari, e agora também no Vale do Rio Pardo”, alertou.
Ela menciona um relatório do Banco Mundial que projeta que até 2050 mais de 17 milhões de pessoas na América Latina poderão se tornar migrantes climáticos se medidas adequadas não forem adotadas. No entanto, Brandt destaca que 80% dessas migrações podem ser revertidas se forem implementadas boas práticas de gestão e adaptação. “A América Latina estaria entre as três principais regiões do mundo que seriam afetadas, que teriam mais migrantes climáticos. Então, precisamos adotar boas medidas e práticas de gestão”, falou.
Repensar o modelo atual
Para Grazielle Brandt, o modelo de desenvolvimento precisa ser revisto. “Nosso processo começa do centro para a periferia. A partir do momento em que as regiões mais centrais já estão tomadas de imóveis, o preço dos imóveis se eleva e as populações são cada vez mais forçadas a ocuparem as periferias da cidade, as regiões mais periféricas. Nem sempre essas regiões têm condições de estabelecer uma moradia que seja plena ou habitável. Muitas delas, muitas vezes, são construídas nas chamadas áreas de risco. Então, esse não é um problema só dos Vales do Rio Pardo e do Taquari, mas de muitas cidades brasileiras”, explicou.
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