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Saiba como o Uruguai pode servir de modelo para retirada de famílias de áreas de risco na região

Publicado em: 27 de maio de 2024 às 12:58 Atualizado em: 27 de maio de 2024 às 13:34
  • Por
    Eduardo Elias Wachholtz
  • Foto: Milena Mueller/Grupo Arauto
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    Professor Markus Erwin Brose, especialista em mudanças climáticas e políticas governamentais relacionadas, há uma década estuda o tema

    Professores do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) apontam o Uruguai como um modelo a ser seguido nos Vales do Rio Pardo e Taquari para lidar com áreas de risco para enchentes. O professor Markus Erwin Brose, especialista em mudanças climáticas e políticas governamentais relacionadas, há uma década estuda como diferentes países enfrentam os problemas causados por essas mudanças. Ele destaca que a região pode aprender com as medidas adotadas pelo Uruguai.

    Nosso vizinho é menor e mais fácil de administrar. Ele já adotou, há uma década, uma legislação para prevenção de riscos e gestão de desastres, na adaptação ao aquecimento global”, ressalta Brose. No Uruguai, a área mais vulnerável é o litoral, onde as residências destruídas por eventos climáticos são proibidas de serem reconstruídas. “A pessoa que tem uma casa que herdou dos pais e tem uma ligação sentimental por ter passado a infância lá quer manter. Tudo bem. O Uruguai é uma democracia, assim como nós. Quando o oceano vir e destruir, entra o papel do Estado, da legislação, de não poder reconstruir”, explica o professor.

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    O modelo uruguaio preconiza a não reconstrução após eventos destrutivos, com a Prefeitura proibida de restabelecer serviços básicos como luz, água e infraestrutura urbana. “A ideia é sem conflito, sem impor o poder de polícia, sem criar problemas judiciais”, destaca Brose. O processo de adaptação às mudanças climáticas é gradual e a longo prazo, com o litoral do Uruguai projetado para ser esvaziado ao longo de duas ou três décadas. “As escolas e a infraestrutura que permanecem ficam a, pelo menos, 300 metros do mar”, acrescenta o professor.

    Para Brose, essa abordagem pode ser adaptada para as regiões dos Vales do Rio Pardo e Taquari, onde parte da população pode resistir à ideia de sair de áreas de risco. “Para quem quer sair, pode ser oferecida uma habitação de cunho social pelas políticas públicas”, sugere o professor.