Quem vê as delícias expostas pelos corredores do Pavilhão da Agricultura Familiar muitas vezes nem imagina que o espaço é um verdadeiro celeiro de superação
Nos últimos dias, Edson Ricardo Schwendler tem passado por uma ‘dificuldade’ no estande 103 do Pavilhão da Agricultura Familiar: encontrar tempo livre para conversar com quem chega por lá. O movimento tem sido tão intenso que ele já comemora: “essa é a melhor edição de todas que participei”. Para o apicultor, que chegou a perder 80 colméias no ano passado, devido às adversidades do clima – prejuízo de R$ 150 mil somente em produção -, a grande comercialização de quilos de mel na 23ª Expoagro Afubra tem representado um alento após os períodos de dificuldade.
Enquanto o morador da Linha Olavo Bilac, em Venâncio Aires, segue em frente, outros produtores também encontram forças para recomeçar, em estandes próximos. Quem passa pela banca de número 26 e visualiza as vistosas embalagens de melado e outros derivados da cana-de-açúcar, nem imagina a história de superação do casal Givanildo Vidal de Souza e Maria Elisa Hennig.
Moradores de Alto Passa Sete, no município de Candelária/RS, os dois somam danos devido à enchente de maio de 2024 e à estiagem do último verão. “Nós perdemos seis hectares de área plantada. Desses, dois foram totalmente levados pela água”. A noção do prejuízo fica ainda maior quando o produtor exemplifica: “essa matéria-prima iria garantir a produção de melado por dois anos. São 60 mil kg perdidos”. E o novo plantio, por sua vez, já soma 30% comprometidos devido à seca.
Além disso, o prédio da agroindústria da família, que ocupava uma área de cerca de 200m², foi comprometido devido aos deslizamentos de terra. A residência do casal, de 120m², e a dos sogros, de 180m², também estão condenadas pela erosão do solo. “Nós ficamos totalmente sem rumo. Estávamos decididos a abandonar tudo. Só voltamos atrás devido ao incentivo da Emater. Será um longo período até conseguirmos nos recuperar”, afirma o proprietário, cujo empreendimento completa 25 anos nesta semana.
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“Pô, e agora?”
Foi assim que Edvaldo Gallon resumiu o período pós-enchente, no ano passado. “Tudo isso que aconteceu testou a nossa capacidade de poder parar, respirar e tomar novas decisões”. Em sua propriedade, em Linha Alcântara, no distrito de Faria Lemos, em Bento Gonçalves/RS, o produtor colecionou perdas. Açude, prédio da agroindústria alagado, dois hectares perdidos nos vinhedos, outro totalmente comprometido, deslizamentos de terra, perda de área de pastagem…
“Nós ficamos 30 dias sem luz, sem comunicação, sem vender qualquer produto, com os acessos bloqueados”, relembra Gallon. Apesar dos dias difíceis, ele mantém o otimismo e a esperança para seguir em frente. “Hoje mesmo tem maquinário na propriedade refazendo uma das áreas”. Enquanto isso, ele segue confiante nos resultados da Expoagro Afubra. “É um faturamento bom e garantido. Um recurso que nos dá fôlego”.
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