Você declara o seu amor pelas pessoas? Ou prefere “deixar para amanhã”? Mais cedo, eu navegava pelo Facebook e li a homenagem de uma pessoa para um amigo que havia partido. Seu texto era carregado de gratidão pelo convívio que havia tido, mas também de pesar pela dor da perda. A mensagem era bonita e, por isso, a reli algumas vezes.
Você declara o seu amor pelas pessoas? Ou prefere “deixar para amanhã”? Mais cedo, eu navegava pelo Facebook e li a homenagem de uma pessoa para um amigo que havia partido. Seu texto era carregado de gratidão pelo convívio que havia tido, mas também de pesar pela dor da perda. A mensagem era bonita e, por isso, a reli algumas vezes. O autor daquelas palavras havia construído um texto tão detalhista e amoroso que, ao final da leitura, havia um sorriso no meu rosto por imaginar o quão especial deveria ter sido aquela pessoa.
Será que ela, em vida, sabia o quanto era amada e única para aquele amigo? Costumo dizer, quase que diariamente para os meus filhos, o quanto eu os amo. E, também, com muita frequência para alguns amigos e sobrinhos. O “eu te amo” sai com facilidade da minha boca. Mas nunca disse ao meu filho o motivo de gostar tanto dele. Nunca expliquei que, quando ele está em casa, o ambiente fica mais leve e alegre.
Também não disse que o escuto cantando enquanto toma banho e que sua voz gostosa chega até a cozinha, mesmo com o barulho da panela de arroz. Em todos esses anos, não me passou pela cabeça dizer o quanto adoro o seu senso de humor e o quanto fico orgulhosa quando ele chega da escola e me pergunta, ainda com a mochila nas costas: “mãe, quer ajuda?”.
Ah, meu filho, não posso demorar mais. Hoje mesmo preciso te dizer o quanto você é único e importante para mim. Tenho vontade de fazer o mesmo com tantas pessoas. Dos meus irmãos ao funcionário da universidade que me ajuda com as impressões no intervalo das aulas. Ele é muito solicito e calmo. Ele sempre me explica como usar a fotocopiadora como se fosse pela primeira vez. Ao apertar os botões da máquina, seus movimentos são gentis e ele o tempo todo faz contato visual comigo. Duarte parece ter bebido o elixir da presença.
Nossa mente adora o “mas”, o “entretanto” e o “todavia”. Tem o hábito de enxergar as pessoas e as situações de uma perspectiva divergente. Ela provavelmente faz isso para nos proteger. Avisa que a namorada apesar de carinhosa, tem o gênio difícil e que a vizinha mesmo sendo educada quando entra no elevador, frequentemente grita com o gato mostrando uma certa tendência para a instabilidade.
Só que hoje decido dizer:
“Agradeço, mente querida, pelo seu esforço de me mostrar a ‘verdade’, mas hoje dispenso esse exercício. Quero apontar minha lanterna interna só para as coisas boas daqueles que conheço. Nesse momento, não me interessam os defeitos e, sim, só as virtudes. Não me interessam as chatices, mas só os deleites que tenho quando estou perto deles.”
Hoje estou assim… Querendo dizer aos meus, em forma de poesia e homenagem, como são únicos em seus pequenos gestos e formas. Meu convite é para que hoje você se junte a mim e se transforme em um detetive das qualidades e lindezas que os outros têm. E mais, que o diga, sem cerimônias ou ressalvas. Hoje, a gente pode escrachar, sem medo de ser exagerado ou mal interpretado.
Não se demore. Hoje é o melhor dia para dizer que ama e porque ama. Vai lá, diga, faça alguém feliz em vida com o seu amor!
Ana Paula Borges