Trajetória do produtor cultural, que enriquece eventos em Santa Cruz do Sul, iniciou como um menino do interior repleto de sonhos
Todo sucesso vem de um grande sonho. E todos os resultados chegam após muita determinação. Sérgio Ávila, produtor cultural e responsável por tantos eventos em Santa Cruz do Sul, já sabia que caminho gostaria de seguir desde pequeno. Foi aos sete anos, com a criação de um museu dentro de casa no interior de Gravataí, que percebeu que seu coração era feito de arte. Criatividade nunca lhe faltou e por isso sempre chamou a atenção na escola, na família e com todos que eram convidados para conhecer o seu espaço cultural, montado num quartinho da casa dos pais, e repleto de suas coleções da Revista Recreio.
O interesse por aquelas revistas, que sua irmã mais velha trazia toda quarta-feira da cidade, era pelos encartes que vinham e ele podia abrir, recortar, montar e se sentir artista. Papel que ele já nasceu desempenhando. "A minha criatividade foi a minha grande faculdade desde os sete anos. Foi quando eu percebi: Meu sangue é da arte", conta. Porém, sua caminhada até o seu sonho nunca foi fácil Estudante da rede pública, que caminhava em meio ao barro vermelho para chegar na escola, ele precisou batalhar muito para buscar uma faculdade.
Após finalizar o ensino médio, ficou quatro anos sem ir para a universidade porque não tinha dinheiro. Trabalhou numa empresa de madeira, no Departamento de Setor de Custos, que nada se relacionava com ele. "Fiquei dois anos errando os cálculos", relembra. Depois disso,entrou para uma rede de supermercados que modificou sua vida. "Foi o grande empurrão da minha vida porque eles pagaram toda a faculdade", conta. Formou-se em Comunicação Social – Relações Públicas pela Feevale de Novo Hamburgo, universidade onde tornou-se professor e atuou como diretor do Curso de Comunicação Social e coordenador de estágio dos formandos. Mais tarde se especializou em Recursos Humanos na PUC, passou em primeiro lugar no concurso de professores na UFRGS e tornou-se o Sérgio que conhecemos hoje: alegre, animado, contagiante. "O gurizinho do interior foi estudar pelas artes. Eu era muito tímido, tinha medo de tudo, era o patinho feio. A faculdade me serviu para aflorar, acreditar e ter autoconfiança", destaca.
Conquistas que ele guarda com carinho em seu coração. Mas tudo, cada passinho que dava, era motivado em conseguir trabalhar com a arte. Após sair da UFRGS, criou a Sérgio Ávila Produções Culturais. Em sua trajetória na carreira que sempre sonhou, ele produziu durante 20 anos espetáculos de teatro em Porto Alegre e durante uma década e meia atuou no Carnaval da capital. Até hoje atua em sua empresa, mas quis o destino que sua vida e sua arte fossem parar em Vera Cruz, do ladinho do município que se tornaria sua casa. "Eu sou gincaneiro há 15 anos. Eu já fiz 12 gincanas! Eu adoro! Hoje sou Los Refugos", conta animado. Foi assim que conheceu a gincaneira Ana Cristina Santos, também proprietária da Four Comunicação, empresa responsável pela assessoria da Oktoberfest. E em sua vida de carnavalesco também teve outra ligação com Santa Cruz do Sul, ao trabalhar com a equipe do Jef's Studio de Dança. "Eu encontrei o Junior Soares e a Francelle Costa pelo Orkut. Quando vim falar com eles, parei na frente da Catedral São João Batista, com meu carrinho vermelho, olhei e pensei: eu vou morar nessa cidade. É muito linda! Fiquei encantado!", relembra. Isso realmente aconteceu, mas não foi de repente.
Em 2013, sua ligação com Oktoberfest iniciou, quando foi convidado para ser jurado do Concurso das Soberanas, evento que passaria a ter muito de Sérgio Ávila. "Nessa época eu trabalhava num programa da TV Pampa, fiquei cinco anos apresentando um quadro de eventos. Quando a Ana me convidou, eu vim e fiquei encantado com o concurso. Achei lindo!", fala. Dois anos depois, em 2015, Sérgio começou a fazer os desfiles da Festa da Alegria, evento que se tornou sua época do ano favorito e que fez com que seu outubro nunca mais fosse o mesmo. No início, seguiu morando na região metropolitana, mas logo viu que seu destino era realmente ser um santa-cruzense de coração. "Eu só trabalho com o que eu gosto. Eu não consigo trabalhar com o que eu não gosto. E eu sou muito apaixonado pelo formato que a Oktoberfest acontece. Um carnaval é lindo, quando o povo te aplaude, é lindo, mas é anônimo. Passou a escola, morreu. A Oktober tu cria um vínculo, as pessoas te querem. Eu conheço um menina que queria desde criança desfilar comigo e todo ano ela me espera na avenida. O segredo sempre será a paixão pelo que faz", ressalta.
Por isso foi tão difícil a pandemia. Ficar longe dos eventos, da arte, das produções. No período mais difícil, voltou para Gravataí. Ficou ao lado da mãe Terezinha, de 90 anos. Quando retornou, veio certo de que seu papel, mesmo em tempos difíceis, é levar alegria, sempre que puder. "Eu sou muito comprometido em tudo. Tudo que eu coloco a mão vou até o último momento. Eu costuro, faço fantasias, decoração, temas de escola, samba-enredos, fiz mais de 200 carros alegóricos na minha vida, um pouco de tudo", resume. E para quem se surpreende com a animação de Sérgio Ávila, aos 60 anos, em eventos como Oktoberfest e Christkindfest, há uma explicação. "Quem tem paixão pelo que faz, entrega resultados. É questão de comprometimento. Não pode mostrar que está cansado. Se você gosta, você nunca pode estar cansado", ensina.