Colunista

Daniel Cruz

Fazer ComPaixão

Qual é o teu dom? Quais são os teus talentos?

Publicado em: 26 de janeiro de 2025 às 09:04
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Dar sentido à vida tem sido o grande objetivo das pessoas e é importante percebermos que não se trata de querer fazer coisas gigantescas

Último domingo do primeiro mês de 2025. Mês que foi de muito calor, de muitas férias para alguns, de muito trabalho para outros e sempre mais um mês que o Grande Criador nos proporcionou para deixarmos a nossa marca por onde passarmos.

A vida é mesmo interessante, ainda mais se tivermos a delicadeza de saber observar e analisar um mesmo assunto sob diferentes ângulos na busca de se apropriar do processo pelo qual estamos passando.

O mundo viveu uma grande troca política, para alguns esperança, para outros retrocesso; as guerras não cessaram, mas trouxeram alguns acordos de paz; por aqui o calor tórrido castigou a natureza e nos lembrou que talvez isso nada mais seja que a consequência da nossa não consciência ambiental.

Nesse calor, as cidades ficam vazias ao passo que clubes e balneários ficam lotados assim como aquele famoso tanque de cimento no fundo de casa que, para muitas crianças, ainda é a chance de se refrescar. Associado a isso temos as chuvas inesperadas, muitas vezes sob forma de tempestades, que acabam por deixar um trilho de destruições por onde passam.

Diversão no centro da cidade interiorana fica mais rara, pois até mesmo os artistas vão ao encontro das grandes concentrações na busca da contemplação de seu trabalho bem como do sustento.

Num desses dias meu filho mais velho, que é músico, fez uma apresentação num bar bem charmoso e acolhedor aqui de minha cidade e eu fui prestigiar, na verdade fui “babar” pois a cada dia ele me surpreende com a sua capacidade naquilo que faz.

Sentado e olhando tudo fiquei pensando no  tudo que ele passou e passa para chegar nesse nível. São horas de estudo, de prática, de buscar conhecer a origem da música, da inspiração na composição das letras e da melodia. De repente, alguém bate em meu ombro e me tira da “viagem” me parabenizando pelo filho e colocando que ele tem um dom.

De tanto que me falam fui pesquisar e descobri que dom seria uma habilidade nata, a facilidade de fazer algo mesmo sem ter aprendido. Confesso que não sei se seria o caso dele pois vejo nele um talento que, segundo definições é uma habilidade desenvolvida por meio de muita dedicação e treinamento.

Na verdade olhando ele eu vejo amor, alegria e muito prazer em cada nota tocada. Ele encontrou o seu caminho da felicidade e depende apenas dele cultivá-la. Vejo nele um exemplo a ser seguido pois, muito cedo, ele percebeu a que veio e aquilo que precisava ser feito para deixar sua marca no mundo.

Adoro ver as suas expressões ao tocar pois fica nítida a fusão entre a técnica, a paixão e a essência. Por momentos, é como se o braço e a guitarra fossem um instrumento único não havendo possibilidade de separar homem e “máquina”. Ele encontrou a sua fórmula, que não é mágica, de fazer a vida ter sentido.

Dar sentido à vida tem sido o grande objetivo das pessoas e é importante percebermos que não se trata de querer fazer coisas gigantescas, de salvar o mundo e por aí vai. Basta apenas salvar a si, primeiramente, pois é na união das pessoas e suas ações que ocorrerão as grandes transformações.

Perguntas pedem respostas assim como respostas, para que ocorram, precisam de perguntas. Entretanto, muitas vezes o medo tem calado a pergunta na ansiedade de não saber se terá a resposta e assim estamos deixando de fazer o que sabemos e estamos nos perdendo na busca do entender os caminhos da felicidade.

Aproveitemos o balanço final do primeiro mês desse ano e façamos as perguntas pois elas são o ponto de partida. Na hora do chimarrão, ao contemplar a natureza e escutar o canto dos pássaros, pergunte-se: “Qual é o meu dom?”, “Quais talentos eu cultivei ou quero cultivar?” Não são respostas fáceis pois falar com o outro é sempre mais fácil que falar consigo; entretanto, são o ponto de partida para o restante do ano que se encaminha. Abençoado dia e boa reflexão.