Ao adotar uma cartinha Dona Nelvi Gomes viu com surpresa o pedido de uma garotinha
Foi no ano passado, quando a Prefeitura de Vera Cruz lançou a primeira edição da campanha das cartinhas das crianças, que esta história começou. Dona Nelvi Gomes, hoje com 70 anos, adotou uma dessas cartinhas, a da Caroline Eduarda Sins Lenz, garotinha de 10 anos, moradora de Linha Andréas, que não pedira uma boneca nova. Ou um joguinho. Quem sabe um urso de pelúcia ou uma pulseira para se enfeitar. Não. No seu bilhete endereçado ao Papai Noel havia feijão, arroz e demais itens para uma cesta de Natal, além de um refrigerante para a família degustar. Pois dona Nelvi se sensibilizou com tão singelo pedido e, incentivada pelas filhas, fez um rancho para a família. “Chorei tanto ao ler a cartinha. Pedi pra Deise (filha) ligar para a mãe da Carol e descobrir que tamanho de roupa usava. A mãe só chorava de emoção, não conseguia falar. Depois confessou que a menina jamais havia usado uma roupa nova, que não pertencera a outra pessoa antes”, declara. Nelvi resolveu fazer a entrega pessoalmente e a mãe de Carol destacou que jamais havia ganhado tanto carinho na vida. Mal sabia ela que estava apenas começando.
A relação das famílias estreitou imediatamente e Nelvi passou a adotar a família de dona Liane e seu Claudiomiro permanentemente. Este gesto também tem sua justificativa. Há sete anos Nelvi fez uma cirurgia para remover um tumor no ouvido e prometeu que, se saísse dessa, iria adotar uma família. Foi o que fez assim que se deparou com Carol. A mãe da menina está desempregada e o pai trabalha no britador. O irmão mais velho, Tiago, de 21 anos, atua na safra, hora na lavoura, hora na indústria. “Quando a conheci, disse para a Carol: a partir de agora tu vai ser minha filha do coração”, relembra Nelvi. Acabou que a família Gomes se apaixonou pela menina e se envolveu com o gesto que leva um rancho todo mês até Linha Andréas. E foi além. Tanto que no aniversário de 11 anos da garotinha, transcorrido em julho, Nelvi e as filhas providenciaram torta e salgados para comemorar. “Me faz um bem ao coração ajudar os outros”, resume a benfeitora.
Pois o vínculo, a cada mês, se tornou mais estreito e dona Nelvi afirma sem medo que quando o assunto é amor, uma família adotou a outra. “Meu Natal é ajudar a quem precisa, é solidariedade. Não me apego a bens materiais, em ter coisas. Mas sim, dar a quem precisa. E graças a Deus que tenho saúde, pois quero ajudar muita gente ainda”, observa Nelvi. A troca de carinho é evidente entre Nelvi e Liane, que a chama de vozinha. “Para nós, a família da vó é a nossa família”, resume, com os olhos cheios d’água ao pensar em tudo o que aconteceu neste intervalo de um ano, desde que a cartinha da Carol foi adotada. “Naquela ocasião, tínhamos dito pra Carol que ela poderia pedir o que quisesse, para ela. Mas ela resolveu pedir comida para a família”, lembra a mãe. Ao receberem a visita, às vésperas do último Natal, Liane foi pura emoção. “Estávamos realmente precisando. Só chorei, não consegui falar nada. Pouca gente faz o que a vó Nelvi faz, poucos têm um coração tão bom. Só com o salário do meu marido é difícil pagar água, luz, aluguel, remédio, comida… Esta ajuda faz muita diferença na nossa vida”, confessa a dona de casa.
A menina ruiva está no 5º ano da Escola José Bonifácio, e decidiu que em 2021 não participaria de novo da ação das cartinhas da Prefeitura. Não por parar de sonhar e de desejar coisas. Mas porque achava injusto pedir mais, já que a “vó Nelvi” já tem feito tanto por eles.
Ninguém da casa de seu Claudiomiro e dona Liane duvida que o Papai Noel é de verdade, e nem precisa usar gorro, barba e roupa vermelha. Lá em Andréas, pertinho do britador, onde vivem, o Bom Velhinho veio disfarçado de uma mulher que ama a vida, é grata pela saúde e quer multiplicar o amor ajudando a quem precisa o ano inteiro. E tem mais: dona Nelvi costuma se disfarçar de coelhinho da Páscoa também, ao proporcionar uma refeição para a família, além de um gás para poder preparar, já que tinha acabado. Teve chocolate também, é claro, mas o mais doce presente, celebrado pelas duas famílias, é o laço de amizade e amor. “Ganhamos muito mais do que alimento, ganhamos uma nova família”, celebra Liane.
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