Iraci Pereira, de Vale do Sol, incorpora o Papai ou a Mamãe Noela, de acordo com a ocasião
O Papai Noel não dá conta de atender sozinho a todas as famílias deste mundão gigante. Por isso recrutou em cada cidade ajudantes que andam à sua semelhança pelas casas, escolas, ruas, para espalhar a magia do Natal. Nem sempre esses ajudantes são homens, muitas são as mulheres que vestem a calça, a túnica, calçam as botas, aplicam a barba. Ou adotam o vestidinho de Mamãe Noela. Ou, como Iraci Pereira, vice-diretora da Escola Municipal Felipe dos Santos, de Vale do Sol, incorpora os dois personagens, de acordo com a ocasião. Mas para as crianças, sempre é o Bom Velhinho.
Foi assim na tarde do último dia 20 de dezembro, na EMEI Primeiros Passos. Ela amou a ideia de levar carinho aos pequeninos só de receber o convite. Ao chegar lá, toda a expectativa se confirmou. O brilho nos olhos das crianças era reflexo da emoção da própria Iraci. Quem viu, até pensou que o amor pelo Papai Noel veio da própria infância e a inspirou a dar vida ao personagem. Nem sempre foi assim.
“Quando criança tínhamos medo, tinha a vara, precisava rezar para ele, chegar perto forçado, parecia castigo. Por isso hoje o Velhinho tem de ser do bem, querido”, surpreende Iraci, ao confessar que começou a gostar mesmo depois de adulta, já na escola, como professora. Quando o “ho ho ho” se anunciava, achava lindo, tocante. Ela foi conquistada pela magia e passou a multiplicá-la em suas andanças.
Começou a participar de um grupo em Vale do Sol, o Natal Solidário. “Fazíamos toda a parte serrana e a parte baixa, levando a magia do Natal. Ficávamos o dia inteiro em cima de um caminhão com som. Entregando comida, produtos de limpeza, vestuário, brinquedos… Nossa, muito gratificante. As pessoas mais velhas rezavam, agradeciam. Também fui Papai Noel na Escola Aquarela. Nossa, cada abraço quente, entrega de chupeta, não tem dinheiro que pague.
Fiz também no hospital, com entrega de uma mensagem, bombom… Aqui nos vizinhos visito as casas, entrego doce, mensagem e brinquedos que as famílias compram”, exemplifica.
Para Iraci, não tem dinheiro que pague esta vivência. É gratificante. É recompensador. E quando surgiu uma pandemia que atrapalhou tudo e fez com que o Noel de Iraci ficasse recolhido, sem seus eventos, a sensação no ano passado foi de muita falta. O Natal definitivamente não foi o mesmo.
Sorte que neste 2021, Iraci pôde matar a saudade que estava de transmitir alegria e viver a felicidade de contemplar os olhos dos outros brilhando.
“Um dia dei a um menino uma camiseta do Grêmio, já usada, mas bem boa ainda. Ele correu em casa , vestiu e veio. Me disse: ‘você me deu o melhor presente’. Meu Deus, doeu meu coração”, relembra.
Em outro momento, um senhor, muito humilde, estava com chinelo de dedo amarrado com tiras de pano. “Dei um novo a ele, pois recebíamos das lojas, do comércio. Eles agradecem muito… Esse era o Natal de muitas destas pessoas. Quero que Deus me dê saúde, força, para sempre poder alegrar alguém”, resume Iraci, dizendo que têm pessoas idosas que rezam o Pai Nosso em língua alemã durante as visitas, um momento muito especial e que traduz o significado da data cristã. “Para mim, o verdadeiro sentido do Natal é família. É o Menino Jesus, Salvador”, enaltece.
Para celebrar o Natal de 2021, ela conseguiu transmitir a alegria no evento escolar e no encontro da Terceira Idade. Nesse, vestida de Mamãe Noela. Que festa para a criançada, que festa para os vovôs e as vovós. Mais uma prova de que acreditar na magia do Natal e no simbolismo dos seus personagens não tem idade, não tem classe, não tem distinção de qualquer natureza.
Iraci mesmo, que só depois de adulta passou a admirar e a viver esta magia por completo – inclusive sendo o Papai Noel na confraternização familiar, presenteando os netos – se rendeu a este fascínio misturado com suspense, mistério, surpresa, alimentado pela magia de quem acredita, de quem tem fé, de quem tem esperança. Seja de ganhar um belo embrulho, seja de sorrir para a vida.
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