Irmãos compartilham vivências e levam consigo a Mamãe Noela
Com tanta casa que Papai Noel precisa percorrer nos quatro cantos do mundo, nada mais justo do que recrutar ajudantes para viverem este papel de magia e generosidade. Só que em algumas famílias, o Bom Velhinho parece ter contagiado mais do que um representante. Pelo menos é o que aconteceu com a família Müller. Dois irmãos, Paulo e Felipe, compartilham essa vivência e, de quebra, Rose, esposa de Paulo, dá vida à Mamãe Noela. O trio é conhecido em Vale do Sol por circular por diversas localidades para, mais do que distribuir balas e pirulitos, levar o clima de Natal para os mais distantes pontos do município, onde talvez esta visita seja a única para muitas famílias.
Na vida de Paulo, hoje com 48 anos, a motivação para este papel de Bom Velhinho veio do amigo Alfonso Scherer, que iniciou esta caminhada de felicidade para a criançada ao distribuir doces e presentes no Clube da Amizade, em Formosa. “Ele que foi o grande incentivador, me empolgava tanto que eu saía de casa escondido para ninguém desconfiar que eu me caracterizava. Sempre foi muito emocionante e ele é uma inspiração”, reconhece Paulo. Já o irmão, Felipe, de 27 anos, tinha 14 anos quando começou e a influência do irmão é inegável. Foi pouco tempo depois de descobrir a identidade de Paulo nos Natais de família. Ao querer fazer algo também, Felipe diz: “cortei um papelão para fazer a máscara, colei algodão (era horrível, mas pra mim tava bonito). Minha touca era um calção vermelho. Encontrei casaco e calça vermelha e assim fiz a roupa”, diverte-se ele, que há pouco tempo adotou Vera Cruz como morada. Com o tempo e a ajuda do irmão experiente, a vestimenta foi melhorada e então Felipe passou a acompanhar Paulo e a esposa, Rose, que mais do que organizar roteiros e preparativos, virou Mamãe Noela. “Ela é minha guia, minha luz para não desistir nunca. Não há palavras suficientes que descrevam o que a gente sente. Acho que nasceu com a nossa família isso. A gente ouve ‘esse aqui sim é o Papai Noel de verdade. Como diz Felipe, a gente se sente um herói usando a roupa do Papai Noel”, sublinha Paulo. Quem disse que precisa de capa para ser herói?
Diferente da imagem que os irmãos viveram na infância, com o Noel chegando com varinha na mão, causando medo, o negócio deles é levar alegria e, de preferência, para localidades distantes do centro, onde muitas vezes é raro ter a presença do personagem natalino. “Eu meio que me transformo, parece que o Papai Noel fica adormecido o ano inteiro dentro de mim e no Natal eu encarno e ele faz o serviço dele. No Natal a gente vive o Papai Noel, não sou o Felipe quando estou vestido. O melhor é ver a alegria das pessoas quando a gente chega, ver a criança perdendo o medo, entregando o bico, são coisas pequenas, mas muito gratificantes”, reflete o caçula.
As vivências ao longo dos anos também marcaram a família Müller. Paulo destaca que as crianças carentes dão mais valor para esta visita. “Quem tem mais poder aquisitivo compra presente toda hora. Elas não. Às vezes percebemos que a criança está assustada, não chega. Aí tu conversa, senta, mostra que é bom, dá bala e logo fica à vontade, ganha o presente. Esta transformação do medo em alegria chama atenção e nos faz chegar às lágrimas às vezes. Também as situações com acamados, pessoas deficientes, eles sorriem com os olhos e isso faz muito bem”, descreve Paulo.
Uma situação em especial é inesquecível para Felipe. “Uma vez estávamos passando numa rua em Vale do Sol e o comerciante entrou numa estradinha de chão perto do centro. Veio uma senhorinha de idade e pediu para esperarmos porque traria o filho que nunca tinha visto o Papai Noel. Esperamos, logo pensando que viria uma criança. Para surpresa veio um adulto, deficiente. Ela pequena e ele enorme, ela trazendo ele no colo. Fiquei sem palavras, chorei, foi muito tocante ver os olhos dele brilhando, a emoção ao falar Papai Noel, com toda dificuldade, tocou lá no fundo”, completa.
O trio reconhece que Natal é sinônimo de alegria, de encontro, de bondade. Paulo, Rose e Felipe tratam de viver os dois dias com intensidade, como se fossem hipnotizados por este clima mágico que busca, incansavelmente, fazer as famílias rirem de felicidade e acreditarem no Natal. Recompensa maior não há.
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