A magia do Natal está presente no interior de Santa Cruz
Seu Renilson Iser trabalhou até se aposentar como mecânico. Diz que na época não tinha muita opção de escolha, mas seu sonho de criança era desenhar casas. E não é que ele conseguiu? É a terceira oportunidade que o morador de Linha Santa Cruz abre mão da área da churrasqueira de casa e a transforma em um verdadeiro minimundo, talvez a inspiração tenha vindo mesmo do parque temático de Gramado. O mecânico aposentado, que adora projetar o jardim de casa, também faz questão de planejar e executar cada detalhe do seu grandioso minipresépio, mesmo que as palavras pareçam contraditórias. O lugar deveria ser ponto turístico na época natalina em Linha Santa Cruz, porque inspira magia e o verdadeiro significado da data cristã.
Em todos os anos que montou o presépio, Renilson fez algo diferente, mas uma coisa não poderia faltar: o trem andando nos trilhos, seu xodó. Ele também precisava entender de projeto elétrico e hidráulico, sem contar a marcenaria. As casinhas e a igreja construídas em madeira e pedra foram esculpidas e cortadas por ele, minuciosamente. Também tem fonte, roda d’água, córrego e peixinhos, luzes e personagens confeccionados em argila. Por quem? Seu Renilson.
O talento, confessa, herdou do pai, Elemar, que era artesão nato. A churrasqueira virou gruta. As casinhas, feitas a cada ano – mas três novas em 2019, iniciadas em outubro. Em 10 dias depois de todos os itens finalizados, ele montou a estrutura completa do presépio em casa, com tablado, pedras de rio, de muro, barbas de pau, bromélias, folhagens, pinheiro natural e transformou em obra de arte.
“Se eu tivesse mais espaço, faria maior ainda”, diverte-se o aposentado, que revela o seu hobby. Renilson tem a cabeça cheinha de ideias, gosta mesmo é de criar coisas, tem a criatividade em alta e é perfeccionista. A casa é um convite à visitação, mas ele confessa que não faz por vaidade, é para o próprio deleite, porque gosta mesmo de contemplar o resultado de sua criação. Mesmo que ninguém fosse lá, a satisfação estaria garantida, porque é um presente que seu Renilson faz para ele mesmo, mas que compartilha com todo mundo que aprecia a arte e o real sentido da festa cristã. Se ele gosta de Natal?
A cena é autoexplicativa, mas ele traduz: “é a data mais importante do ano. Carregamos um simbolismo. Para a maioria é só um pinheirinho com presentes, mas para mim vai além. Ano passado não montei este presépio e me arrependi, o Natal não foi igual, senti que faltou alguma coisa”, confessa. É o nascimento traduzido no cenário, que mistura a tradição abaixo da árvore natalina, com a cena clássica de José, Maria e o menino Jesus, com uma ala modernista em uma vila com casas, igreja, trem, vida em comunidade.
Vida, aliás, que deve ganhar ainda mais força no Natal de 2020, pois vai ter nascido o primeiro neto de seu Renilson e sua esposa, dona Gladis. “Se eu estou me sentindo num mundo encantado, imagino que nosso neto que vem aí também vai crescer vendo o vô criar coisas lindas, um minimundo de magia para ele”, conta Gladis, que contempla, admirada, a arte lapidada com todo amor e perfeição pelas mãos de seu companheiro.
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