Todos erramos, é preciso saber respeitar limites, é preciso exercitar a compreensão e a amorosidade se queremos uma vida melhor
Nossas escolhas são consequências de nossos propósitos. Entretanto, nossos ouvidos e olhos são exigidos diariamente na medida que são tomados de falas e imagens que nos colocam na berlinda para definir “o propósito”. Criaram e venderam uma ideia de que ele deve ser único, grandioso e que vai nos levar à felicidade e à prosperidade.
Tenho comigo, na minha humilde crença de vida, que único, apenas Deus, o Grande Arquiteto desse mundo inteiro. No restante existem mais coisas, mais opções e, portanto, em relação ao propósito isso não seria diferente. Todos nascem e morrem, porém, nem todos vivem a vida, pois se assim o fizessem entenderiam a que estou me referindo.
Propósito nada mais é que uma escolha e como a vida é feita de muitas escolhas não há como ser único. Há de se considerar que possa ter maior ou menor valor dentro da nossa escala de valores mas que sempre será proporcional e correlato ao momento que estamos vivendo. Assim, a sensação de que estamos vivos interna e emocionalmente é fundamental para que seja experenciado.
Minha reflexão nesses dias tem sido não sobre como estabelecer propósitos e sim buscar entender que eles envolvem escolhas, renúncias, perdão e, portanto, um “baixar a régua” no julgamento.
Sempre escutei que na vida “não existe almoço grátis” e que tudo que conseguimos é fruto de uma ação. Isso tem sido interessante pois vivemos a era do direito, todos o possuem, e por momentos parece que a era dos deveres não mais existe.
Vivemos um momento onde o EU é o que realmente vale em detrimento do NÓS. Entenda que não estou colocando aqui que devamos abrir mão da nossa personalidade, dos nossos desejos e sonhos mas sim apenas que devemos saber ajustá-los à realidade de onde estamos pois viver em coletividade requer essa habilidade.
Cada momento da vida tem um propósito e cada propósito requer um renúncia. Quando menor, junto a meus pais, escutava Nelson Gonçalves sendo que uma de suas canções, Renúncia, dizia que….” difícil no amor é saber renunciar”….e ainda, em outro trecho, que…..”já sofremos tanto que é melhor renunciar”.
Quando digo que a vida é feita de escolhas, talvez os trechos acima sejam um resumo e algo a refletirmos. Todos erramos, é preciso saber respeitar limites, é preciso exercitar a compreensão e a amorosidade se queremos uma vida melhor. É preciso exercitar o perdão, começando por si mesmo. Simmmm, na grande parte das vezes nos cobramos por não perdoar o outro quando sequer, no momento, não perdoamos nem a nós mesmos.
Vivemos o mundo do E pois o mundo do OU está cada vez mais complicado na medida que os individualismos exacerbados estão fazendo as relações humanas tornarem-se cada vez mais tóxicas. Isso tudo tem criado fugas emocionais e por consequência gerado essa bagunça que está por aí.
Hoje em dia manifestar ideias ficou perigoso, logo você ganha um “rótulo” e por vezes destroem sua vida pessoal e profissional num passe de mágica. Lutamos durante muitos anos por uma suposta liberdade e não estamos nos dando conta que ela veio e no momento, silenciosamente, está nos aprisionando.
As regras para convivência sempre existiram e são a mínima convenção do grande condomínio chamado VIDA. Elas são mínimas mas fundamentais à manutenção da ordem e percebo que até isso está difícil. Está complicado educar os filhos pois o mundo que criamos em casa entra em choque com o mudo externo e o amor que deveria existir em ambos nem sempre tem lá fora; a escuta que deveria existir em ambos, nem sempre tem lá fora; a compaixão que deveria existir em ambos, nem sempre tem lá fora e o pior de tudo é que em determinados momentos surge o questionamento de qual mundo é o certo, o de casa ou aquele lá de fora?
O grande lance é respirar e perceber que tem coisas que não nos fazem bem; o lance é entender que resolver os problemas dos outros, necessariamente, não resolve os nossos; e perceber que não adianta querer mudar o mundo quando sequer conseguimos mudar a nossa vida.
O grande lance é entender que menos pode ser mais e perceber que essa fala não se trata de dinheiro e sim de relações humanas. O mundo não está perdido mas sim bagunçado, se perdermos a esperança ele não se (re) organizará. Somos todos responsáveis uns pelos outros essa é a verdade. Aquilo que eu faço repercute na sua vida e vice-versa, portanto a responsabilidade é de todos, não existe culpado A ou B e sim a necessidade de julgarmos menos.
Pequenas ações, nos somatório, geram grandes resultados. Na semana que passou tivemos o dia do abraço. Que esse dia deixe de ser celebrado pois esse gesto não merece um dia para ser lembrado na medida que deve ser feito diariamente. Carinho e amor são ingredientes para essa jornada e devem estar presentes sempre em nosso dia-a-dia. Por isso, ao terminar essa leitura, levante e abrace as pessoas ao seu redor, deseje que juntos você façam um belo dia pois esse pode ser um grande propósito na vida, qual seja, fazer com que todos dias sejam belos, cheios de luz, paz e amor. Abençoado dia para você.
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