Colunista

Daniel Cruz

Fazer ComPaixão

Meio Século + 1

Publicado em: 04 de maio de 2025 às 08:40
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Um novo ciclo sempre gera reflexões e expectativas na ideia de que vai melhorar e isso não significa que esteja ruim, apenas que temos sempre a evoluir

Maio começou, como sempre num feriado, e já nessa semana meus 5.1 batem à porta. Um novo ciclo sempre gera reflexões e expectativas na ideia de que vai melhorar e isso não significa que esteja ruim, apenas que temos sempre a evoluir na medida que analisamos nossos objetivos e ações.

Penso que o avançar da idade, se bem conduzido, pode render bons momentos. É claro, não há como negar, que a exemplo de qualquer máquina, o desgaste ocorra e para isso a manutenção preventiva seja importante. Confesso que tenho sido relapso em parte quanto a isso mas sempre é tempo e com certeza vou melhorar pois quero curtir por muito tempo a minha família ainda.

A velocidade com que as coisas acontecem por vezes fascina, por vezes assusta e uma das coisas que aprendi nesse andar da vida é que desacelerar acaba se tornando importante pois permite saborear melhor os momentos pelos quais passamos. A calma no dia-a-dia tem me permitido observar e escutar melhor tudo o que me rodeia e absorver o máximo de cada momento.

Confesso que por momentos parece que as tecnologias vão me “engolir” e que seria bem mais fácil se os equipamentos tivessem apenas um botão. Veja como estou ficando antigo pois nem o tal botão de ligar e desligar é mais necessário pois os comandos de voz o substituíram e quando a gente aprende a usar essa tecnologia ela se torna maravilhosa.

O que me assusta, entretanto, é que por vezes me sinto careta, ultrapassado ou fora do contexto, quando vejo como andam as relações entre os seres humanos. Por vezes, tenho receio de falar comigo mesmo, pois temo que esteja julgando e fico meio confuso a ponto de questionar meus valores. Eis o momento em que realmente desacelero, fico parado, observando e refletindo e que me perdoo por fazer tal tipo de coisa comigo.

Perdoar é uma dádiva, algo bem difícil de fazer e requer dedicação, muitas vezes dói pois requer olhar lá no fundo do coração, ver todas as virtudes e forças de caráter que temos e usá-las sem levar em conta o que a sociedade define como correto. Talvez a grande libertação do envelhecer é entender que não precisamos ser como os outros querem para que sejamos reconhecidos e respeitados.

Essa semana fiquei espantado pois uma artista famosa, que já conquistou seu espaço na fama, veio ao Brasil e na chegada solicitou que as luzes do saguão do aeroporto fossem desligadas. Oi? Como e que é? E o pior é que ela foi atendida. São essas situações que me preocupam pois além disso, em frente ao hotel, uma multidão a esperava e ninguém conseguiu vê-la.

Choros e indignações, associados a discursos de desrespeito vieram. Penso que a falta de respeito foi daquelas pessoas para consigo mesmas pois não podemos depender desses momentos para entender que é isso que vale a pena. Nossa referência de ídolos precisa estar na família e amigos, o restante não pode ter valor maior.

Por essas e outras vou ficando quieto pois tem lutas que valem a pena, haja vista que o trabalho que tenho para fazer a vida funcionar aqui por casa já seja o suficiente. Entendo que a maturidade me fez entender que posso até não mudar o mundo mas não posso nunca desistir de ajustar minhas falhas, de glorificar meus acertos e fazer a minha vida, e daqueles que amo e me cercam, melhor.

O legal nessa caminhada é que cada momento acaba por se tornar uma oportunidade. No feriado do dia 01 minha amada, ao sair para seu primeiro dia à frente da sua nova empresa, me mandou uma foto com o pneu do meu carro furado. Após o almoço fui trocar o bendito e nesse momento escutei um pássaro cantando de uma maneira diferente, falei para me filho: “ – canto diferente desse pássaro, o que será que ele quer?” Vejam abaixo a resposta que ele me deu:

“ –  É o canto da acasalamento, o inverno está chegando e ele quer arrumar alguém para ficar juntinho e quentinho. Sozinho ele passaria frio mas com outra juntinho dele, um esquenta o outro e ninguém passa frio. Não é assim que a gente faz lá em casa? A gente fica sempre juntinho e se esquenta.”

Essa inocência me encanta e a com certeza meus 5.1 que chegam me permitem apreciar e saborear esses momentos, me permitem aprender com quem por vezes pensei que deveria apenas ser eu a ensinar, me permitem ver que o exemplo está surtindo efeito e que meu papel de pai está sendo cumprido.

Mente aberta, coração aberto e vontade aberta é o que me movimenta. A cada ciclo novas oportunidades sendo que expressões como “ nunca é tarde”, “ antes tarde do que nunca “ fazem muito sentido hoje e se tornam combustível para uma vida mais justa e perfeita. Já dizia a música… “enquanto houver Sol, enquanto houver Sol, ainda haverá…” e eu diria que haverá um bela vida a ser vivida pois estou apenas no meio século +1. Aproveitem o dia, vivam a suas famílias, a amanhã nos pertence.