Músico relembra detalhes de sua trajetória, que se confunde com a da Banda Magia
Humildade e força de vontade são duas coisas que sempre andaram juntas na vida de Vanderlei Stolben. Morador de Linha João Alves, ele é conhecido em diversas frentes, seja como o Vanderlei da Banda Magia, das pinturas ou, simplesmente, o Vanderlei pai de família e marido dedicado da Valéria.
Aliás, se tem uma palavra que faz sentido para o pai de Willian, Vinicíus e Vicente é família. Foi através do incentivo e apoio do pai, Gilberto Stolben, que há 27 anos, Vanderlei realizou um dos maiores sonhos: ser músico e ter uma banda. Quando não ajudava o pai na lavoura, plantando verduras, ele se dedicava a estudar música. Começou aprendendo a tocar gaita e, logo após, seguiu para o teclado, hoje sua grande paixão. “Enquanto o pai dava voltas na quadra para vender as verduras, eu ficava no Bendinha tirando letras de músicas na gaita. As primeiras que aprendi foram o Dobrado dos Futuristas; Valsa Isabela e a Rancheira Adeus Sarita. Nesse meio tempo também, eu conheci o Daniel Schwengber, uma grande inspiração pra mim até hoje. Com ele, aprendi a tocar teclado e meu pai pagava essas aulas com um balaio de verduras”, relembra.
E foi assim que a ideia de montar uma banda tomou forma. O talento do jovem agricultor se somou ao do amigo Valdir Frohlich e dos irmãos Cássio e Clenio Wlach. Assim, os quatro assumiram o compromisso de subir aos palcos e trazer, através da música, alegria para a vida das pessoas. “No começo foi muito difícil. Não tínhamos dinheiro para comprar equipamentos e quem dirá um ônibus. Tivemos muito a ajuda dos nossos pais que acreditavam nesse sonho e aos poucos, fomos conquistando espaço”, destaca Vanderlei.
Mesmo sem nome definido, a banda já se apresentava em alguns salões de baile de Santa Cruz. O Salão Assmann em Linha João Alves e o Fengler, em Cerro Alegre – hoje, Mannsão – foram os primeiros a abrir as portas e liberar o palco para os jovens. “Nós tínhamos a banda mas ficávamos pensando como iríamos começar. E foram o estimado Lauro Assmann e o Roni Fengler que tiveram a coragem de nos colocar em um palco. Nós éramos fraquinhos no começo, inclusive já fomos chamados de plantadores de verdura e fumo nos palcos, mas nunca deixamos a bola cair. Tínhamos um sonhos e fomos fundo. Por fim, nossa estrela brilhou”, lembra.
Em pouco tempo, os jovens já eram sucesso e começaram a ser procurados pelas rádios da região. Nomes como o de Schwarzer Peter e do saudoso Fritz Jacó, radialistas conhecidos e com grande bagagem na cultura alemã, foram peças fundamentais para alavancar ainda mais a carreira da banda. E quando as coisas começaram a acontecer, é que surgiu o nome da banda. “Teve um dia que a mãe do Cássio e do Clenio nos disse que, o que estava acontecendo com nós era uma magia da vida. E foi dali que surgiu e pegou: Magia Musical”, conta.
Apesar de já ter cogitado em viver só de música, mas por conhecer as realidades do meio, Vanderlei nunca abandonou a lida de campo e hoje alia a paixão com outras atividades. Uma delas é a pintura que, em meio à pandemia, tem sido a forma de sobrevivência, já que o setor das bandas deve ser um dos últimos a retornar. “Sempre prezei e incentivei os demais músicos que foram entrando na banda a ter uma atividade paralela, porque a música é um setor de risco e, hoje, é quase um hobby. Eu faço porque eu gosto. Mas eu sempre quis mais e, por isso, fui trabalhar de pintor. Hoje até tenho uma equipe, ganho o justo e não tenho hora para trabalhar”, relata.
Com 27 anos de história e uma carreira de sucesso, a Banda Magia, conhecida por “Arrastar Multidões”, é composta por oito músicos, membros da equipe técnica e muitos momentos marcantes a cada vez que sobem ao palco e conquistam ainda mais fãs. E quanto ao sonho de ter a banda, ele certamente vai seguir vivo. Afinal, já tem quem siga os passos dos pais. “Dos nossos filhos aqui da banda, quatro eu garanto na música. Os meus dois (Vinicíus e Vicente), o filho do Cássio e um do Clenio. Seria a realização de um sonho ver os filhos continuar o que nós construímos”, diz, emocionado, de olho no futuro.