Era maio de 2011. Uma amiga do meu filho pulou do 8º andar do prédio onde morava.
Era maio de 2011. Uma amiga do meu filho pulou do 8º andar do prédio onde morava.
Era uma adolescente.
Tinha acabado de almoçar, estava com o uniforme do colégio, e a mochila nas costas, o que indicava que iria voltar para a escola à tarde, pois nas quartas e sextas eles tinham aula o dia todo.
Foi um choque para todos os colegas!
Aí vem a pergunta: Por quê?
Ela tinha apenas 15 anos. Que problemas uma menina de 15 anos pode ter para explicar uma atitude dessas?
Fiz esta pergunta ao meu filho e a resposta me deixou chocada…
Ele me disse:
– Mãe, eu acho que era falta de colo.
Questionei:
– Como assim?
E ele me disse:
– Hoje em dia, os pais trabalham de manhã até a noite para dar aos filhos tudo aquilo que nunca tiveram e, na maioria das vezes, eles estão conseguindo. Eles estão dando um estudo no melhor colégio, aula de inglês, dinheiro para gastar, um celular de última geração pro filho ficar se distraindo em casa durante o pouco tempo livre que sobra, roupas, tênis, tudo da melhor marca e bem caro. E sempre cobrando boas notas, porque estão investindo muito dinheiro na educação do filho… Mas, na maioria das vezes, os pais não têm mais tempo para os filhos, não conversam mais, não fazem um carinho…
Meu filho fez uma pausa. Eu estava boquiaberta com o que ele acabara de me falar e meus pensamentos foram a mil.
Mal comecei uma frase
– Meu filho, você tem razão. É isso mesmo…
E ele me interrompeu dizendo:
– Mãe, quando a gente chega em casa, o que mais a gente quer é o colo da mãe. Quando vai mal nas provas ou quando acontece alguma coisa ruim, a gente quer colo. Por que você acha que hoje tantos jovens são rebeldes? Na maioria das vezes, eles estão querendo chamar a atenção, ser notados… Só que do jeito errado.
Dei um grande abraço em meu filho, beijei-o com muito carinho.
E lhe disse:
– Meu filho, espero que a morte da sua colega não tenha sido em vão, pois quem sabe muitos pais vão repensar suas atitudes e ter mais tempo para dar colo aos seus filhos.
Ele olhou-me carinhosamente e concluiu, antes de sair para a escola:
– Não somos máquinas, mãe. Não somos todos iguais.
Não é porque o filho da vizinha tira só nota 10 que todos nós vamos tirar 10. Talvez, nem todos vão aprender inglês! Nem todos vão ser o melhor no futebol, no teclado. Às vezes, é muita cobrança em cima de nós, mãe.
A conversa com meu filho me deixou mais convencida de que o tempo e o amor são os melhores investimentos que podemos fazer. O resto é consequência. Nada é mais importante para a felicidade de nossos filhos que a nossa presença.
Pai, mãe…
Não deixe de dar colo para os seus filhos, independentemente da idade.