Alfredo Lenz contou sobre os os Natais da infância, quando nem ao menos tinha ideia que se tornaria sacerdote
O padre Alfredo Lenz, natural de Venâncio Aires, tem uma trajetória de longa data, 57 anos conciliando o sacerdócio com a comunicação pelas ondas do rádio, o que o popularizou nas paróquias onde atuou, em Boqueirão do Leão, em Candelária e até mesmo no Espírito Santo. Hoje com 85 anos, tem sua rotina de atividades na Casa de Amparo Fraterno, da Diocese de Santa Cruz, onde recebeu o Nosso Jornal para refletir sobre os Natais da sua infância, quando nem ao menos tinha ideia que se tornaria padre, mas que refletiram na concepção que ele construiu sobre a festa cristã.
Relembra ele que uma semana antes, o aviso era sempre claro: o bom comportamento dos filhos era primordial para garantir o presente. Também era tempo de fazer as bolachas nos mais variados formatos: de botas, estrelas, bengalas, animais e tantos outros. Ninguém podia mexer nas latas repletas de doces com merengue e coloridos com confeito. “Nós só podíamos lamber as tigelas”, diverte-se com a lembrança, completando que para acompanhar o lanche, bebiam xarope de framboesa. Chegando o tão esperado dia 24 de dezembro, seu Jacó e dona Margarida, pais de Alfredo, achavam um meio dos filhos saírem de casa por alguma razão. Na família de fumicultores, as crianças saíam pela propriedade em busca de pasto para os animais, na expectativa de alimentar a mula do Papai Noel. “Era a magia que nos cercava”, recorda.
O pinheirinho era natural e montado apenas no dia 24. O caçula dos oito filhos lembra que na ponta dos galhos, a neve presente na Alemanha era simbolizada pelo algodão cuidadosamente colocado. Ah, a barba de pau não podia faltar para enfeitar junto ao presépio, na sala principal da casa. Sem luz elétrica naquele tempo, eram as velas presas no pinheiro que faziam o encanto acontecer. Sob a árvore espinhenta, os presentes eram simples, como piões e bonecas. Mas eles eram secundários na celebração. A família estava reunida para cantar, rezar e, juntos, iam de caminhão até a Igreja Matriz, distante cerca de oito quilômetros de Linha Lenz, hoje Linha 17 de Junho, onde viviam, para a missa.
Se o dia 24 e 25 eram de celebração pelo nascimento de Jesus, o dia 26 não ficava para trás. Era mais um dia de feriado, dedicado a visitar padrinhos e madrinhas no segundo Natal, assim como percorrer a vizinhança para continuar a festa. “Todos se cumprimentavam em alemão: feliz Natal. Os pais rezavam e cantavam com a gente. Era a expectativa, a magia, o desejo de receber um cartão”, reflete… Hoje, tudo é pelo celular, que pode ter encurtado distâncias, mas esfriou o encanto.
Quando foi crescendo, Alfredo percebeu que tudo aquilo que os pais faziam na época natalina era para envolver a família nesta magia especial, e hoje, se mostra até um pouco desencantado ao perceber que muito se perdeu, se esqueceu, ficou em segundo plano. “Vejo que as pessoas não dão mais o valor para as coisas simples: é presentão, é só tecnologia, não se conversam mais. Que falta que faz a expectativa de receber um cartão, por cantar em volta do pinheirinho”, enaltece.
Enquanto padre, em cada paróquia em que atuou, Alfredo Lenz procurou motivar as pessoas a viverem o Natal com o seu real significado, colocando um sinal em sua casa, uma estrela ou uma guirlanda, sugeria. E fazia pensar que Cristo nasceu para todos, indistintamente, “pois Cristo é a nossa força”.
Diante do presépio e do pinheiro decorado por Idianes Saueressig, na capela da Casa de Amparo Fraterno, padre Alfredo acende as velas e faz um apelo para o coração dos leitores: “Da experiência que tenho como filho de pais cristãos, pediria que o Natal fosse mais pensado, vivido, convivido e, se possível, repartido”. É o momento de deixar a magia entrar na casa e no coração das famílias. De cultivar a fé, o amor, de compartilhar o que se tem para favorecer a quem pouco tem.
Lembranças de outros Natais
Eis o que motivou o Jornal Arauto a buscar ao ouvir inúmeros relatos para compor o Caderno Especial, que circula na edição deste fim de semana, dias 23 e 24 de dezembro. Em 20 páginas publicadas na versão impressa, há histórias que revelam lembranças, nostalgia, simplicidade, amor, que resgatam valores, que fazem repensar a correria do dia a dia e da pausa necessária para a saúde física e emocional. Para mostrar aos filhos e netos que existe magia além do pacotão embrulhado e que ela é alimentada por tantos rituais que muitas vezes ficaram adormecidos. Mas que ainda dá tempo de acordar. No Portal Arauto, confira duas dessas histórias.
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