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    Maiquel Thessing
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    “Você pode ser pobre, mas se for correto e der o seu melhor, sempre será reconhecido”, diz Enio Faleiro

    Publicado em: 23 de outubro de 2020 às 16:07 Atualizado em: 22 de fevereiro de 2024 às 17:10
    Foto: Maiquel Thessing/Grupo Arauto de Comunicação
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    História do Enio do Centenário é uma aula sobre gentileza, solidariedade e superação

    Seja nas ruas, nas conversas com os amigos ou até nas avaliações da Churrascaria Centenário no Facebook. É difícil quem não conheça o seu Enio. Ou melhor, o Enio do Centenário. Figura marcante do estabelecimento do centro de Santa Cruz do Sul, Enio José Faleiro coleciona boas recordações em sua trajetória profissional, que se confunde com sua própria vida. Afinal, como gosta de dizer, é preciso fazer aquilo que gosta.

    E ele faz. Há 11 anos na gerência da Churrascaria Centenário, o Enio faz mais do que organizar equipes, monitorar situações e administrar as atividades incumbidas a ele. Quando seu Enio chega no tradicional endereço na Rua Tenente Coronel Brito, inicia mais do que um expediente. Ao abrir as portas de uma das empresas mais amadas da cidade, também começa um dos seus períodos favoritos da vida: quando ele pode encontrar os clientes, atendê-los e sorrir.

    Aliás, ele tem um conselho para os empreendedores, garçons e atendentes mais novos. "Faça o que você gosta. Desde 1978, no primeiro curso que fiz, aprendi que devemos nos colocar no lugar do cliente e ver como você gostaria de ser atendido. Se eu sirvo um café, um churrasco, um refrigerante ou um chopp, eu preciso pensar que estou sentado na cadeira dele. Você precisa sentir como o cliente está, se ele quer conversar ou se apenas quer ser atendido. Quando fizer qualquer coisa, faça bem feito", diz. 

    A riqueza está nas amizades que conquistamos

    Seu Enio sempre ouviu de seu pai: "Nunca desista. Busque o certo que um dia bons olhos vão te ver". Foi com esse ensinamento que ele trilhou seu caminho, sempre preocupado em fazer o melhor. Quando foi sair do Exército, questionou o coronel Leal Neto sobre o que poderia fazer. "Foi ele quem pagou meu primeiro curso de garçom", conta.

    Com passagens por sorveteira e pizzaria, Enio também trabalhou anos em uma fumageira. Entretanto, fazia questão de cuidar da associação atlética da empresa, a fim de nunca se afastar das atividades de atendimento e da gastronomia. 

    Em setembro de 1971, comprou dois bares em Venâncio Aires. Ficou lá até 2008, quando sofreu um infarto e pensou que precisaria se aposentar. Porém, de volta a Santa Cruz do Sul, entendeu que seu papel profissional não havia terminado e aceitou o convite dos irmãos Gelson e Juares Constantin. Os antigos proprietários da Churrascaria Centenário conheciam Enio dos almoços e já tinham até comunicado: "Um dia, vamos te contratar". 

    Os seis primeiros meses de Enio na empresa foram no caixa, mas cada pessoa que o enxergava fazia questão de dizer: "Tira ele daí, traz pro salão". Afinal, quem o conhece sabe: seu lugar é no meio das pessoas, ouvindo, conversando, bem servindo.

    Jeito único que o caracteriza e o faz ser lembrado em qualquer lugar. Um dia, após a alegria da primeira viagem de avião, Enio foi reconhecido num restaurante em Porto Seguro, na Bahia. "Já passei fome e frio nessa vida, mas esse acontecimento me fez entender: Você pode ser pobre e humilde, mas se for correto e der o seu melhor, sempre será reconhecido", conta, emocionado. 

    Há dois anos, quando os irmãos Vandinei e Claudinei Censi assumiram a churrascaria, algumas coisas mudaram, mas o sorriso contagioso e a gentileza do tradicional gerente permaneceram. Até porque, se a Centenário tivesse um rosto, certamente veríamos o semblante de seu Enio, espelhado no olhar.