Tudo o que é belo tende a ser simples.
Afirmação generalizante? Não sei. O que sei é que a beleza anda de braços dados com a simplicidade. Basta observar a lógica silenciosa que prevalece nos jardins. Vida que se ocupa de ser só o que é.
Não há conflito nas bromélias, não há angústia nas rosas, nem ansiedades nos jasmins.
Cumprem o destino de florescer ao seu tempo e de se despedirem do viço quando é chegada a hora. *São simples.*
Não querem outra coisa, senão a necessidade de cada instante.
Não há desperdício de forças, não há dispersão de energias. Tudo concorre para a realização do momento.
Acolhem a chuva que chega e dela extraem o essencial. Recebem o sol e o vento, e morrem ao seu tempo.
*Simplicidade é um conceito que nos remete ao estado mais puro da realidade.*
A semente é simples porque não se perde na tentativa de ser outra coisa. É o que é. Não desperdiça seu tempo querendo ser flor antes da hora. Cumpre o ritual de existir, compreendendo-se em cada etapa.
Já dizia o poeta: “Simplicidade é querer uma coisa só”.
Eu concordo com ele. O muito querer nos deixa complexos demais. Queremos muito ao mesmo tempo, e então nos perdemos no emaranhado dos desejos. Há o risco de que não fiquemos com nada, de que percamos tudo.
*Aquele que muito quer corre o risco de nada ter*, porque o empenho e o cuidado é que fazem a realidade permanecer. O simples anda leve. Carrega menos bagagem quando viaja e, por isso, reserva suas energias para apreciar a paisagem.
*A simplicidade é uma forma de leveza.*
Nas relações humanas, ela faz a diferença. O que cultiva a simplicidade tem a facilidade de tornar leve o ambiente em que vive. Não cria confusão por pouca coisa; não coloca sua atenção no que é acidental, mas foca naquilo que realmente vale a pena.
Pessoas simples são aquelas que se encantam com as pequenas coisas. Sabem sorrir diante de presentes simbólicos e sem muito valor material.
*A simplicidade capacita a perceber que nem tudo precisa ter utilidade.* E, por isso, é fácil presentear o simples.
*Eu gostaria de me livrar de meus pesos.*
Queria ser mais leve, mais simples. Querer uma coisa só de cada vez. Abandonar os inúmeros projetos futuros que me cegam para a necessidade do momento. Projetos futuros valem a pena, desde que sejam simples, concretos e aplicáveis.
Não gostaria que a morte me surpreendesse sem que eu tivesse alcançado a simplicidade.
Até para morrer os simples têm mais facilidade. Sentem que chegou a hora, se entregam ao último suspiro e se vão.
Tenho uma intuição de que, quando eu simplificar a minha vida, a felicidade chegará em minha casa, quando eu menos esperar.