Li, dia desses, uma frase que me fez pensar: "Amar é encontrar aquilo que não se procura"
Li, dia desses, uma frase que me fez pensar: "Amar é encontrar aquilo que não se procura". E subitamente lembrei daqueles que se produzem no sábado à noite para sair em busca de paquera, de quem se vale do aplicativo Tinder na esperança de achar sua cara-metade, de quem se matricula em todos os cursos prevendo que dali será pinçado um candidato a marido ou a esposa, de quem pede aos amigos para que lhe apresentem solteiros e solteiras à disposição, lembrei de todas as artimanhas justas e válidas para que a pessoa se recoloque no mercado amoroso, numa ânsia também justa e válida de preencher seu vazio emocional – só que o justo e o válido não são mágicos.
Aquilo que vem por encomenda, atendendo a pedidos, pode, claro, satisfazer plenamente seu desejo. Quer casa, comida e roupa lavada? Tem quem ofereça. Quer companhia para o cinema? Aos montes. Se você está consciente do que procura, encontrará alguém que se encaixe no seu ideal de relacionamento. Funciona mais ou menos como uma entrevista de emprego.
Justo e válido.
Porém, amar é encontrar aquilo que não se procura. Aquilo que surge sem explicação, que não tem lógica, e contra o que não adianta lutar: nenhuma resistência é suficiente. Amar é puro fascínio. Você cruza com uma pessoa que talvez nem equalize com seus sonhos, mas é com ela que se deu o click, o curto-circuito, que algo foi despertado. A mágica está no que não veio por encomenda, nem atendendo a pedidos, nem no momento certo, nem mesmo pegou você de banho tomado – é um flechaço do cupido, que às vezes é ruim de mira, mas ao menos tem boa intenção. Pode-se dizer que a mágica é um potente chute de fora da área no qual ninguém acreditou, mas a bola entrou assim mesmo. Gol.
Aos namorados de hoje, grudem-se. Façam essa mágica durar.
Aos solitários de hoje: esqueçam um pouco de si mesmos. Permitam-se parar de querer, de procurar, de se preocupar. Sem planos e sem ânsia, aguardem calmamente a chegada do que nunca pediram.
Martha Medeiros