Na metade dos anos 60, surgia a fita gravável, acondicionada em um formato apropriado, compacta, acessível, que se levava para gravar
“EU VOLTEI, agora pra ficar…” a letra da música O Portão, de Roberto Carlos, gravada em 1974, poderia bem anunciar a volta da fita cassete, ou K-7. Não é fake, não. Depois do retorno triunfal do vinil, a boa, velha, prática e eficiente fita K-7 também está querendo seu espaço. Na metade dos anos 60, surgia a fita gravável, acondicionada em um formato apropriado, compacta, acessível, que se levava a qualquer lugar, para gravar e reproduzir. Os amantes da música a consideraram prodigiosa, porque possibilitava a gravação e seleção de títulos preferidos. Até agouraram a morte do Long Play, o disco de vinil. Surgiria no final de 1979 o indestrutível Compact Disc, o CD, que derrubaria a fita K-7 e o LP. A invasão dos CD Players deu adeus as vitrolas, gravadores, toca-fitas de automóveis e decks cassete nas lojas. Nas casas, toca-discos, gravadores, LPs e fitas foram descartadas como lixo eletrônico. Mas o mundo deu voltas, a tecnologia foi sendo reinventada e até o poderoso CD, aniquilador de áudios passados, formato de incomparável qualidade foi sendo abandonado por meios ainda mais práticos de ouvir música, por streaming, pelo Spotify e outras plataformas. Nada como um dia após o outro.
Aos poucos o vinil começou o caminho de volta, no mesmo tamanho, mas de um material e qualidade muito superior. Álbuns de sucesso consagrado foram sendo relançados. As vendas ganharam impulso depois que alguns músicos “jurássicos” como Keith Richards, dos Rolling Stones, afirmou que só escutava LPs e K-7. Novos toca-discos invadiram o mercado de áudio, e o vinil voltou ainda mais prestigiado fazendo a alegria dos nostálgicos apreciadores da música. Agora chegou a vez da fita K-7, que tocava aquela seleção preferida nos toca-fitas de automóveis, que estudantes usavam para gravar aulas, que era levada em “walkman” nas caminhadas, ou que tinha lugar certo nos vistosos equipamentos residenciais. Na verdade, a fita já mostrava sinais de reação no final dos anos 90, primeiro por simples curiosidade de gerações que não a conheciam e logo em seguida pela busca de colecionadores.
Essa tímida procura não passou despercebida pelos analistas de mercado, e as gravadoras lançaram cassetes de álbuns que antes só tinham em CD. As fábricas se movimentaram para suprir a procura por fitas graváveis novas. Os gigantes fabricantes de equipamentos de áudio mais conhecidos da era cassete como Sony, Panasonic, Toshiba, Philips, entre outras já saíram do mercado há muito tempo. Pequenas e pouco conhecidas marcas vão atendendo as expectativas. Uma dessas, a Rewind, teria vendido 20 mil tocadores de K-7 no ano passado e espera fechar este ano com o dobro das vendas. Conforme o CEO da Rewind, ainda é uma demanda pouco significativa, mas é um nicho a ser explorado. Já o mercado de decks usados está em expansão e aparelhos antigos estão em valorização. Nostalgia ou não, é a música que sai ganhado.
Por falar nisso, hoje é o Dia de Santa Cecília, a Padroeira dos Músicos. Aos músicos a homenagem e o reconhecimento pela dedicação e arte que fazem a alegria da música nossa de cada dia.
Ao músico Paulinho Dill, vocalista d’Os Atuais, a estima pela sua pronta recuperação.
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