“É impossível olhar para a saúde sem olhar para a alimentação”
Quando um grupo de jovens ligados ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) com egressos da Escola Família Agrícola de Vale do Sol (Efasol), apoiados por entidades como Cooperfumos, CAPA e Ecovale, resolve se unir para criar uma alternativa que envolva a produção, a gestão e a venda de produtos orgânicos, todos saem ganhando. Aqueles que se dedicam a cultivar alimentos livres de agrotóxicos, aqueles que apostam na alimentação saudável. E em tempo de restrições e dificuldades enfrentadas no comércio com a pandemia, especialmente nas feiras, a inovação foi o caminho escolhido para dar certo. Pois foi o que fizeram esses sete produtores, ao montarem as cestas camponesas.
A cada sexta-feira, conta um deles, o vale-solense Marcelo Lessing, as cestas de alimentos são organizadas de acordo com a disponibilidade de itens e o interesse do cliente, que tem se mantido fiel ao projeto. “É uma alternativa para as pessoas que não estão saindo de casa”, comenta Marcelo, ou que pelo menos estão evitando aglomerações e, principalmente, buscando alimentos frescos e sem veneno. A produção no campo, que vai além do consumo familiar, possibilita esses circuitos curtos de comercialização, um importante nicho de mercado também para agregar renda ao agricultor, comenta Cláudia Gonçalves, monitora de Produção Agroindustrial e Coordenadora da Alimentação da Efasol. Essa relação de proximidade e fidelidade entre produtores e consumidores se aproxima do conceito de CSA, Comunidades que Sustentam a Agricultura, e segundo a educadora, o despertar do jovem para esses circuitos curtos de comercialização ocorreu durante a formação de alguns deles, na Efasol, pois desde então criaram a feira Caminhos da Agroecologia.
A cada semana, os produtos cultivados em Vale do Sol; na Unidade de Produção Camponesa Harmonia, em Vera Cruz; na própria Cooperfumos e até em Rio Pardo são remetidos à sede da cooperativa para a organização das cestas. Cabe a Marcelo fazer o roteiro de entregas, que ocorre principalmente em Vera Cruz e Vale do Sol, na casa do cliente. “São produtos frescos, colhidos no dia ou na véspera, resultado de produção orgânica, ecológica, que faz bem para a saúde e para o meio ambiente”, completa o diretor-presidente da Cooperfumos, Miqueli Schiavon.
Desde meados de maio, são, em média, de 15 a 20 cestas de frutas, verduras e fermentados entregues a cada sexta-feira. Entre os produtores, espaço e valorização feminina também há, como a UPC Harmonia, conduzida por Sandi Xavier, Diulie Almansa e Letícia Schimini. Sandi é do município de Cerro Grande do Sul, na região carbonífera, e veio para Santa Cruz em 2015 ao se formar em Técnica Agropecuária com foco na alimentação agroecológica. E é em Vera Cruz, em Alto Dona Josefa, que ela e as amigas cultivam seus alimentos. De uma família de 11 irmãos, Sandi relata que a produção de tabaco era a base de sustento da casa, mas também gerava dependência alimentar. “Produzia o fumo e vendia para comprar comida para casa”, assinala ela, relembrando com desgosto outros tempos. Se hoje a propriedade é diversificada, Sandi acredita que se dá pelo entendimento de que é possível produzir a própria comida, e de forma saudável. “É impossível olhar para a saúde sem olhar a alimentação”, desabafa.
O agrônomo do Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (CAPA), Sighard Hermany, faz eco à articulação de diversas instituições com olhar voltado à agroecologia para criar a sistemática de entrega das cestas de alimentos saudáveis nas casas em um momento em que se prima por evitar a circulação de pessoas nos estabelecimentos. “São os jovens produzindo e levando saúde. É um trabalho que promove o espaço para a juventude que planta comida e resgata a importância da agricultura familiar e camponesa de colocar comida na mesa”, atesta ele, ao garantir que a agroecologia cresce cada vez mais porque as pessoas procuram alimentos limpos, com maior valor nutricional. “E um organismo bem nutrido e equilibrado tem um sistema imunológico fortalecido”, arremata.
Para quem recebe a cesta camponesa no conforto do lar, como é o caso de Régis Solano, monitor da Efasol, só elogios. “É muito gratificante participar de um movimento desses, processos que envolvem produção de alimentos agroecológicos na agricultura familiar, ainda mais com a participação e o protagonismo da juventude do campo. Receber alimentos fresquinhos na porta de nossas residências é algo fenomenal, pela facilidade, pela comodidade, além de permitir um diálogo com essa juventude que está preocupada com o meio ambiente, e em colocar comida boa em nossas mesas”, frisa Solano.
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