Passei uma hora no banco com meu pai, pois ele teve que transferir um dinheiro. Eu não pude resistir e perguntei:
– Pai, por que não ativamos seu banco pela Internet?
– Por que eu faria isso?, ele perguntou.
– Bem, assim você não terá que passar uma hora aqui para fazer uma simples transferência. Você pode até fazer suas compras online. Tudo será tão mais fácil, pai!
Eu estava bem animada em iniciá-lo no mundo do Internet banking.
Ele perguntou:
– Se eu fizer isso, não terei mais que sair de casa?
– Isso mesmo! Não vai mais precisar sair. Sua vida vai ficar muito mais prática, pai.
Eu disse a ele que até os alimentos podem ser entregues na porta de casa.
A resposta do meu pai me deixou sem palavras.
Ele disse:
– Minha filha, desde que entrei neste banco hoje, encontrei quatro dos meus amigos que não via mais há tempo. Conversei também o pessoal do banco, que me conhece muito bem. Você sabe, minha filha, e que preciso de companhia. Gosto de me arrumar e vir ao banco. Preciso conviver com as pessoas. Dois anos atrás, quando adoeci, o dono da banca de quem compro frutas veio me ver porque sentiu minha falta. Sentou-se ao lado da minha cama e chorou. Quando sua mãe caiu alguns dias atrás, durante sua caminhada matinal, o dono da mercearia a viu e imediatamente pegou seu carro para levá-la para casa, pois ele sabe onde mora. Agora me diga: eu teria isso se tudo ficasse online? Por que eu iria querer que tudo fosse entregue a mim e me forçar a interagir apenas com meu computador? Gosto de conhecer a pessoa com quem estou lidando. Eu preciso ver gente, minha filha. Viver é isso! É relacionamento. Tecnologia não pode ser o centro das nossas vidas. Passe mais tempo com as pessoas, não só com a internet.