Grupo de leitura foi fundado em 2020 e realiza reuniões mensais para debater leituras. As mediadoras são Ana Luiza Martins, Luana Ciecelski e Rosiana Kist
“Vocês têm noção de quantos livros sobre mulheres são escritos no decorrer de um ano? Vocês têm noção de quantos são escritos por homens? Têm ciência de que vocês são talvez o animal mais debatido no universo?”, questiona a escritora Virginia Woolf em sua obra Um Teto Todo Seu, sobre a condição das mulheres escritoras. É fato que, ainda que as mulheres escrevam muito, elas ainda são menos publicadas e reconhecidas que os homens. Na história, muitas foram obrigadas até a usar pseudônimos masculinos para conquistar a publicação de seus escritos.
Em Santa Cruz do Sul, um clube de leitura tenta equilibrar as escalas sugerindo a leitura mensal de uma obra escrita por uma mulher. O Leia Mulheres Santa Cruz, organizado pela professora e doutora em Letras, Ana Luiza Martins, pela jornalista e doutoranda em Letras, Luana Ciecelski e pela relações públicas e doutoranda em Letras, Rosiana Kist completou quatro anos neste mês de março. Fundado em 14 de março de 2020, o grupo tem como objetivo incentivar a leitura de livros escritos por mulheres, e já debateu mais de 40 títulos de diversas autoras nacionais e internacionais, de gêneros como poesia, conto, romance e não-ficção.
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As mediadoras do Leia Mulheres sugerem um exercício didático que comprova que lemos menos mulheres: irmos até nossas estantes, separar os livros entre autoras mulheres e autores homens. “Tirando raras exceções, a maior parte das bibliotecas pessoais concentra um número muito maior de escritores. O mesmo acontece nas livrarias, bibliotecas públicas e nas universidades, nas leituras direcionadas pela educação básica, no Brasil e no mundo”, explica Ana Luiza Martins. Esse panorama vem mudando nos últimos anos, mas iniciativas como o Leia Mulheres ainda são necessárias em busca da equidade.
Após uma primeira reunião presencial em 2020, o grupo foi afetado pela pandemia e teve que manter as atividades virtuais até fevereiro de 2022. A ideia surgiu no fim de 2019 quando as fundadoras cursaram na pós-graduação a disciplina Narrativas de Identidade e Alteridade, ministrada pelo professor Rafael Guimarães, que já tinha participado de encontros do Leia Mulheres em Porto Alegre. A partir daí, o trio foi atrás de informações para criar o grupo na cidade.
As obras são escolhidas levando em conta alguns critérios, aceitando sugestões dos participantes, e olhando para acontecimentos no mundo. Por exemplo, em 2022, quando estourou a guerra entre Rússia e Ucrânia, o grupo sugeriu a leitura do livro A guerra não tem rosto de mulher da bielorussa Svetlana Alexijevich. Os títulos costumam ser divulgados mês a mês, durante o encontro realizado no fim do mês, e também levam em consideração a acessibilidade da obra em livrarias, sebos e bibliotecas.
Além das reuniões e debates sobre as obras de autoras, um dos objetivos do clube de leitura é destacar a obra de escritoras locais, o que já ocorreu com saraus e outros eventos, com Marli Silveira, Daniela Gruendling, Moina Fairon Rech e no lançamento do livro Saco Vazio de Francine Delavald Bottoni, integrante do grupo.
“O Leia Mulheres nasceu com o propósito de promover encontros para prestigiar livros escritos por mulheres e é nosso papel apoiar as mais diversas manifestações culturais femininas e feministas. Com isso, a gente espera colaborar um pouquinho para a construção de uma sociedade mais igualitária. Então, sempre que possível, procuramos trazer para os encontros o trabalho das escritoras da região. Isso faz parte da ideia de diversidade, representatividade e incentivo ao trabalho de tantas mulheres”, comenta Luana Ciecelski.
Para este ano, as mediadoras pretendem envolver o grupo em mais ações voltadas à leitura, além de levar o projeto para as escolas. Os encontros são mensais, abertos à toda a comunidade e acontecem normalmente no último sábado do mês. “A gente sempre reforça que não é um clube só para mulheres, como alguns podem pensar por causa do nome. Ele é para todos, todas e todes. Da mesma forma, não é obrigatória a leitura prévia do livro”, destaca Rosiana Kist.
As informações sobre os encontros são divulgadas no Instagram @leia_mulheres_scs, e no perfil também está disponível o link para o grupo no WhatsApp.
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