A inveja é o único sentimento humano que vive na sombra. É o mais negado, o mais escamoteado. O sujeito pode até admitir que seja preguiçoso, irado, guloso, ciumento, traído, mas nunca, em hipótese alguma, dirá que é movido pela chama da inveja. Jamais vamos conhecer um invejoso confesso.
A inveja é o único sentimento humano que vive na sombra. É o mais negado, o mais escamoteado. O sujeito pode até admitir que seja preguiçoso, irado, guloso, ciumento, traído, mas nunca, em hipótese alguma, dirá que é movido pela chama da inveja. Jamais vamos conhecer um invejoso confesso.
Admitir a inveja é pior do que morrer. A inveja é prima-irmã da cobiça e do ciúme, mas é bem diferente. Muita gente pensa que invejar é querer o que o outro tem. Não. Isso é a cobiça. Já, o ciúme, é o temor de perder para o outro, o que se tem. Agora, a famigerada inveja é não querer que o outro tenha.
Quando escreveu “Inveja – O Mal Secreto” o jornalista e escritor Zuenir Ventura encomendou uma pesquisa de opinião pública para saber o que os brasileiros pensam da inveja. Os números são interessantes. Entre os sete pecados capitais a inveja é disparadamente o mais conhecido, com 63%. No entanto apenas 4% disseram ter sentido inveja. A inveja está distribuída igualitariamente entre homens e mulheres, embora muita gente pense que as mulheres estão mais envolvidas com este sentimento.
A pesquisa perguntou se os entrevistados conheciam algum invejoso. Mais de 80% disseram que sim, mas não assumiram o pecado para si. Quer dizer, a inveja é um mal que está dentro dos outros e principalmente de quem está muito próximo de nós.
É difícil invejar figuras como Xuxa ou Neymar, pois são celebridades, pessoas que estão em outra dimensão, numa faixa de competição inatingível. Os mais invejados, entretanto, são parentes, amigos, familiares, vizinhos, colegas de aula e de trabalho.
Apesar de toda a crendice que olho gordo seca até pimenteira, quem sofre mais em todo esse processo é o próprio invejoso. Sofre por carregar esta aflição constante que acaba provocando sentimento de culpa.
Mas, acima de tudo, sofre pela impotência em não conseguir através da inveja conter o sucesso e as conquistas do outro.
Na maioria dos casos o invejado nem imagina o que está acontecendo. O invejoso sorri com naturalidade, abraça cordialmente a sua vítima e dá um jeito de estar sempre por perto.
Quando descobre que o alvo da sua inveja sofreu algum fracasso, comemora como se fosse um gol do seu time, uma conquista toda sua. A inveja mata, sim, mas é inofensiva para quem é invejado.
Leo Saballa
