Santa Cruz

Emily Borghetti relata ter sido censurada em apresentação de chula durante o Enart

Publicado em: 21 de novembro de 2024 às 14:19
  • Por
    Kássia Machado
  • Emily Borghetti em relato no Instagram | Foto: Reprodução/Vídeo
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    Evento tradicionalista ocorreu entre os dias 15 e 17 de novembro, em Santa Cruz do Sul

    A bailarina Emily Borghetti relatou, em vídeo e texto publicados no Instagram, nessa terça-feira (19), ter sido vítima de censura durante o Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart). Conforme a filha de Borghettinho, que iria se apresentar dançando a chula, um grupo de chuleadores ameaçou fazer uma denúncia caso as prendas utilizassem o pau de chula. O evento tradicionalista ocorreu entre os dias 15 e 17 de novembro, no Parque da Oktoberfest, em Santa Cruz do Sul.

    Emily foi convidada neste ano pelo CTG Tiarayú, de Porto Alegre, para uma apresentação. “Gineteada, chula, pala e sapateado feito por mulheres. Nem preciso dizer que topei imediatamente, pois esse tema conversa diretamente com o meu trabalho e propósito, que é ver mulheres sendo protagonistas dentro da nossa cultura”, diz um trecho.

    CTG Tiarayú em apresentação no Enart 2024 | Foto: Grupo Arauto

    No entanto, na noite anterior à apresentação, Emily e os demais integrantes do CTG foram informados de que um grupo de chuleadores havia ameaçado fazer uma denúncia, alegando que o uso do pau de chula pelas prendas não tinha registro na história gaúcha. “Isso surpreendeu a todos, já que, em outros anos, mulheres já haviam utilizado a lança, embora não sapateando sobre ela”, destacou a bailarina.

    Diante da situação, com receio de desclassificação, o grupo decidiu retirar a lança e espora das prendas para não caracterizar chula.

     

    A reportagem entrou em contato com a assessoria do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) e aguarda posicionamento.

     

    Confira a nota na íntegra:

    CHULA FOI CENSURADA E ISSO É UMA CARTA ABERTA

    Esse final de semana aconteceu o ENART, um encontro de arte e tradições gaúchas com participantes de diversas modalidades e dentre elas estão as danças, que acabam sendo números com muita visibilidade.

    Esse evento é organizado pelo MTG (movimento tradicionalista gaúcho) e reúne CTGs (centro de tradições gaúchas) que passam por diversas eliminatórias durante o ano, até restarem 40 grupos de dança que se apresentam e disputam pelo troféu.

    Eu sei que a maior parte das pessoas que me seguem aqui, não faz ideia do que seja isso mas, só pra contextualizar, o ENART é o maior festival de arte amadora da América Latina e, como eu costumo dizer, é como se fosse a copa do mundo dos Ctgs.

    Eu não sou cria de CTG. A minha formação não passa por esse ambiente, mas eu sempre ouvi músicas gaúchas e dancei livremente, sem manual de uso. Minha mãe me ensinou a sapatear e isso diz muito.

    Esse ano fui convidada a retornar aos palcos do ENART com o Ctg Tiarayu e com uma proposta muito gaúcha! Gineteada, chula, pala e sapateado feito por mulheres. Nem preciso dizer que topei imediatamente, pois esse tema conversa diretamente com o meu trabalho e propósito, que é ver as mulheres sendo protagonistas dentro da nossa cultura.

    Na noite anterior à apresentação recebemos a notícia de que um grupo de chuleadores ameaçou fazer uma denuncia, caso as prendas usassem o pau de chula, sob a justificativa de não haver registro de tal feito na história gaúcha. Isso surpreendeu a todos, já que em outros anos mulheres já haviam usado a lança, embora não tivessem sapateando sobre ela.

    O grupo decidiu para não correr o risco de uma possível desclassificação, retirar a lança e espora das prendas para não caracterizar CHULA.

    A forma que isso chegou até mim foi tão truncada, que mesmo tendo muitos amigos e pessoas que admiram o meu trabalho lá comigo, não me senti segura fisicamente para visitar o pavilhão onde acontecia a competição de chula no festival.

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