Psiquiatra explica quando se trata de doença ou de sentimento passageiro e compartilha dicas de respiração para controlar as crises
A ansiedade perpassa desde um sentimento humano até uma doença que acomete as pessoas, levando-as a faltar ao trabalho, ter problemas de relacionamento, perder desempenho produtivo e social ou até mesmo à hospitalização. A explicação é do médico psiquiatra Jerônimo Mendes Ribeiro, convidado do Arauto Saúde desta semana, que sinaliza a importância de entender essa diferença entre o sentimento e a doença.
O profissional frisa que a grande questão é como cada pessoa gerencia a ansiedade e salienta que existem algumas técnicas que auxiliam a controlá-la, como a da respiração abdominal. “A pessoa sente como se tivesse um balão na barriga que precisa encher, então, ela precisa puxar o ar enchendo esse balão, depois soltar devagarzinho, contando até três. Aí de novo, segurar um pouco o ar e soltar devagarzinho, contando até seis”, explica. Outro aspecto importante, segundo Jerônimo, é saber reconhecer a ansiedade, já que muitas pessoas passam a vida ansiosas achando que isso faz parte do seu jeito de ser, quando, na verdade, são impactadas negativamente pela doença, que poderia ter sido abordada muito antes.
Dessa forma, lembra que existe o falso controle da ansiedade, que pode estar relacionado à automedicação ou ao ato de ingerir bebida alcoólica. “Num curto prazo, pode parecer que a bebida traz um alívio ou faz com que a pessoa relaxe, mas no médio e longo prazo, surgem sintomas de abstinência. Além disso, o álcool mexe na forma como o cérebro lida com o estresse, de uma forma negativa”, alerta. “Também tem aquela história em que a pessoa diz que sempre que fuma um cigarro se acalma. Isso é um mito, porque o cigarro na realidade cria uma sensação de abstinência muito parecida com os sintomas de ansiedade”, complementa.
O psiquiatra lembra também que a ansiedade costuma ser muito negligenciada na gravidez, já que há mulheres que passam a gestação inteira ansiosas e sem buscar auxílio, porque não foram questionadas sobre o assunto no pré-natal. “Esse estresse traz desfechos negativos para a mãe e o bebê, além de que após o parto, ela vai se sentir desconfortável e sobrecarregada”, diz.
Por isso, orienta que quando se identificar que a ansiedade vai além de um sentimento situacional – que tem a ver com um momento de vida que termina – é algo que pode e precisa ser gerenciado. “E a pessoa não precisa lidar com isso sozinha”, completa.