Embora atendimento presencial esteja suspenso para casos não graves, ligações fazem subir 20% a busca pelo serviço
Em tempos de isolamento social, para quem não tem companhia ou sente a falta do contato e afeto de amigos e familiares, o sentimento é de solidão. Atrelado a incertezas e ao medo, a saúde mental tende a ficar abalada, o que reflete em uma procura maior por atendimento no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) – pelo menos nas ligações, afirma a psicóloga Iara Ortiz Paz.
Em Vera Cruz, dos cerca de 30 atendimentos diários, em média, do início de março para abril subiram para cerca de 40 – um acréscimo de quase 20%. Porém, agora a procura é através de ligações – já que os serviços presenciais foram suspensos temporariamente devido às medidas de segurança, sendo realizadas apenas consultas em casos graves.
Com os atendimentos presenciais suspensos, tanto em Vera Cruz quanto em Santa Cruz do Sul, os Centros realizam contato periodicamente com seus usuários para verificar a saúde mental dos pacientes, especialmente com os considerados crônicos graves. Em Santa Cruz, o atendimento, por enquanto, continua mais voltado aos usuários habituais da unidade, segundo a coordenadora, Marliza Schwingel.
Até que os serviços retornem normalmente, as unidades disponibilizaram números de telefones para sanar dúvidas e proporcionar a acolhida tanto para pacientes quanto para pessoas que estejam se sentindo sozinhas e tristes, a fim de evitar que algo pior aconteça.
O CONVÍVIO
A orientação neste momento é para que a família passe a valorizar mais o convívio, através de diálogos mais frequentes, e do exercício da escuta, segundo Marliza. Outra forma de enfrentar o momento é procurar se ocupar com atividades prazerosas. Para Iara, o principal é que haja muita interação, seja por ligação telefônica, chamada de vídeo, bate papo pelas redes sociais. “Já estamos começando a ver as consequências negativas por causa da pandemia”, frisa.
Momento deve ser de ocupar a cabeça
Os motivos que levam a procura por algum tipo de ajuda, seja por telefone, chamadas de vídeo ou redes sociais são diversos e são em busca de acalento ou apenas para um momento de escuta, conforme Iara. “De maneira geral, o sistema está se movimentando em busca de maneiras seguras de atender as pessoas e minimizar o sofrimento que estão sendo acometidos nestas últimas semanas. São diferentes preocupações”, analisa.
Para os idosos, a queixa é a falta do convívio, de ver filhos e netos. Para outros, é a situação financeira. “As pessoas estão tirando férias e estão com medo de perder o emprego”, comenta. Outro fator é o confinamento. “Antes havia uma rotina, agora todos estão em casa, o que faz sair do habitual, o que pode gerar mais conflitos, brigas e desentendimentos”, pontua.
PARA OCUPAR A CABEÇA
Entre as dicas da psicóloga estão: realizar atividade manual, como artesanato; arrumar um ambiente da casa que está desorganizado, como o quarto ou a cozinha; pintar a parede de casa; fazer algo que antes não conseguia fazer; tocar um instrumento; ler um livro; ver bons filmes; fazer algo pelo bem comum ou pelo bem próprio, como confeccionar máscaras e aventais ou doar alimentos; e cuidar da beleza, saúde e alimentação.
CONTATOS
VERA CRUZ
Posto Central (SUS):
Diversos profissionais atendendo pelos telefones: (51) 9.9827-1344 (WhatsApp), 3718-1327 ou 3718-3383;
CAPS Adulto:
(51) 3718-3709;
CAPS InfantoJuvenil:
Telefones: 9.9705-3399 (WhatsApp) ou 3718-1998.
SANTA CRUZ DO SUL
Caps II:
O funcionamento é das 8 às 18 horas, de segunda a sexta-feira, pelos telefones (51) 3713-3077 ou 3715-3711.
CVV: disque 188
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