Economia

Rio Grande do Sul deve crescer 3,1% no PIB em 2025, aponta Fecomércio-RS

Publicado em: 18 de dezembro de 2024 às 07:11
  • Por
    Portal Arauto
  • Fonte
    Assessoria de Imprensa
  • FOTO: Giancarlo Rubynick
    compartilhe essa matéria

    Número deve apresentar uma performance melhor que o produto nacional

    Nessa terça-feira, dia 17 de dezembro, a Fecomércio-RS realizou sua tradicional coletiva de final do ano. A estimativa da entidade é que, depois de crescer 3,5% em 2024, o país desacelere para uma expansão de 2,5% em 2025. Ainda que, em termos de atividade e de mercado de trabalho a performance da economia seja bastante positiva, o ano de 2025 será marcado por grandes desafios, especialmente ligados à condução das contas públicas e ao controle da inflação.

    A Fecomércio-RS acredita que o IPCA encerre o próximo ano registrando alta de 5%, mantendo-se elevado em 2026 e 2027, devido à preocupação com a credibilidade fiscal. Está sendo estimado um forte repasse da elevação do câmbio, observada no final deste ano, para a inflação em 2025, bem como a continuidade da pressão sobre os preços derivada de um excesso de demanda provocado pela expansão de gastos públicos. Na tentativa de conter a deterioração das expectativas e reduzir a inflação no horizonte relevante, o Banco Central já contratou mais duas elevações de 1 ponto percentual para o primeiro trimestre do próximo ano, o que levaria a Selic a 14,25% ao ano até o final de março. “O choque de juros deve conter esse processo, mas talvez não consiga revertê-lo. A dívida pública está em uma trajetória perigosa e é possível concluir que os riscos para a solvência fiscal serão grandes caso o governo não consiga conter os gastos”, complementa o presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac, Luiz Carlos Bohn. As expectativas de inflação reagiram fortemente no final de 2024 em função da frustração com a insuficiência do pacote fiscal apresentado.

    Bohn finalizou sua fala reivindicando a urgência de uma reforma administrativa, e alertando que as medidas defendidas pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) referente ao fim da escala 6×1 são insustentáveis dentro do mercado brasileiro. “É urgente trabalharmos uma ampla reforma administrativa. Essa, assim como a redução da jornada de trabalho, são temas de discussão importantíssimos para esse momento da economia do País”, afirmou o presidente da entidade. “Acreditamos que a redução da escala, enquanto PEC, não corresponde à realidade do mercado. Estamos em uma situação de pleno emprego, onde observamos dificuldade de encontrar mão de obra qualificada. Ao mesmo tempo, inúmeras atividades precisam de flexibilidade de trabalho, em um ambiente onde a produtividade brasileira não conseguiria absorver a redução da jornada de trabalho sem diminuir salários. Essa manutenção geraria uma carga inflacionária ainda maior do que as já previstas“, defendeu.

    Conforme o consultor econômico da Fecomércio-RS, Marcelo Portugal, a expectativa é de que o primeiro trimestre de 2025 ainda seja positivo em termos de atividade econômica, majoritariamente puxado pela agropecuária, com o PIB crescendo próximo de 0,8%. Entretanto, é esperada uma desaceleração significativa ao longo do ano, especialmente no segundo semestre. “O ano começa bem e termina mal. Há grande dúvida quanto à condução das políticas monetária e fiscal em 2025. O Banco Central saiu na frente, dizendo claramente que vai combater a inflação com a Selic bem alta. O que precisamos saber é se o Governo vai ajustar os gastos públicos para evitar uma crise de confiança na sustentabilidade da dívida pública ou se as políticas monetária e fiscal seguirão descoordenadas”, pontuou Portugal.

    Rio Grande do Sul: Rápida recuperação da atividade, mas muito a reconstruir

    Mesmo afetado pelas enchentes deste ano, o Rio Grande do Sul mostrou resiliência e deve crescer cerca de 4% em 2024, superando projeções anteriores. Fatores como a rápida recuperação, as ajudas financeiras pública e privada, um câmbio desvalorizado e a estabilidade na alíquota do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) contribuíram para esse resultado. Seguindo o exemplo do Brasil, é esperada uma desaceleração no ritmo de crescimento do PIB do Estado no próximo ano em relação a 2024. Ainda assim, o RS ainda deve apresentar uma performance melhor que o PIB nacional em função do impacto mais forte da agropecuária nos cálculos gaúchos e de um câmbio próximo dos 6 R$/US$. A Fecomércio-RS estima expansão de 3,1% para o PIB gaúcho em 2025. Embora o fluxo de produção tenha se recuperado rapidamente, é importante relembrar que ainda permanecem perdas de capital público – como pontes, escolas e hospitais – e privado – como casas e empresas, com impactos sobre a dinâmica de médio e longo prazos.

    Para o comércio, os números indicam que 2024 tenha sido um bom ano, mas que o ritmo não deve se manter no próximo ano. Os bons números atuais se devem ao impulso gerado pelos auxílios pós-enchentes dados às famílias, à necessidade imediata de consumo e ao reduzido nível de desemprego. Os serviços, fortemente impactados pelas enchentes em 2024, devem acelerar em 2025, pela retomada da atividade e pela base de comparação bastante deprimida.

    Ainda sobre a situação gaúcha, as instituições do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac desempenharam papel essencial na recuperação do Estado com diversas ações humanitárias causadas pelas enchentes de maio. Apenas neste ano, foram distribuídos 2,3 milhões de quilos de alimentos, que beneficiaram mais de 157 mil pessoas e apoiaram 553 instituições em todo o Rio Grande do Sul. Entre itens doados, valores repassados ao pix do Mesa Brasil, provenientes de tantos outros regionais, e ainda valores próprios do Sistema Fecomércio-RS destinados a construções, obras de amparo e abrigos criados para acomodar centenas de famílias, somaram mais de R$ 160 milhões de reais em ajuda ao povo gaúcho.

    Concomitantemente, a Fecomércio-RS trabalhou em prol da liberação de medidas econômicas para apoiar os empresários e o povo gaúcho, como a redução de tributos, a renegociação de dívidas e maior flexibilidade para os investimentos em infraestrutura. “Lutamos persistentemente por medidas no âmbito tributário e trabalhista para atender às necessidades dos empresários, assim como na busca de recursos financeiros. Também cobramos do Poder Público agilidade na recuperação da infraestrutura. Em âmbito federal, solicitamos medidas como redução de tributos, renegociação de dívidas, ampliação das parcelas do auxílio-emprego, suspensão do pagamento da dívida gaúcha, entre outros. Já em âmbito estadual, solicitamos isenção de ICMS, prorrogação dos prazos de parcelamentos, além de agilidade na conclusão das obras de infraestrutura”, lembrou Bohn.