Em entrevista à Arauto News, analista do Centro Socioambiental e professor da Unisc, Bruno Deprá, e o biólogo Patrik Wiesel comentam recursos
O assunto de Norte a Sul do Brasil é esse: as queimadas que se alastram, que destroem, que colocam o meio ambiente em risco e refletem na vida de todo mundo. A Arauto News conversou com Bruno Deprá, analista do Centro Socioambiental e professor da Unisc, e Patrik Wiesel, biólogo, que refletiram sobre o monitoramento de queimadas a partir de recursos tecnológicos.
Disseram eles, aliás, que no Brasil existe equipamento de alta tecnologia para esse monitoramento, e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) possui um departamento para acompanhar essas questões relacionadas ao fogo, porque anualmente existem muitos focos de queimada, como no Mato Grosso, Amazônia e outros tantos locais por onde tem se espalhado.
A tecnologia empregada nesse monitoramento com satélite possibilita o alerta no sistema quando há indicação de foco de queimada. “O problema hoje não é o monitoramento, mas a resposta rápida, por causa de locais de difícil acesso”, aponta Deprá, o que é problema em muitos lugares do mundo, não é exclusivamente no Brasil. E se torna ainda mais difícil o combate às chamas em locais secos, em que as chamas se espalham com mais rapidez.
Queimadas criminosas
Os entrevistados da Arauto News ressaltaram que essas queimadas que estão ocorrendo agora não são de causa natural, são pessoas fazendo de forma criminosa, colocando fogo. “A dinâmica muda, a proporção muda. Quando o incêndio é natural, são proporções menores, que podem evoluir com o passar dos dias, por causa da vegetação seca, mas são em locais já conhecidos, por isso o monitoramento é importante. E através desse monitoramento conseguimos identificar quando é causa natural ou criminosa”, considera Deprá.
E mais uma vez, a tecnologia se alia no monitoramento e no combate aos crimes ambientais. Existem plataformas como o MapBiomas para acompanhar a evolução, ocupação de solo, por agricultura, floresta, área urbana. Difícil, no entanto, é fazer responsabilização quando há crime ambiental em área devoluta, observa Deprá.
Patrik acrescenta que o MapBiomas emite relatórios anuais de desmatamento e incêndios no Brasil. E o bioma pampa foi o segundo mais devastado no Brasil por incêndio e conversão de área no ano passado, disse. É possível, por ali, detectar ausência de vegetação de um ano para outro e a plataforma emite alerta ao Ministério Público, que notifica o município para que tome as providências legais.
O MapBiomas detectou, por exemplo, que o mês de agosto responde por quase metade (49%) da área queimada no Brasil desde janeiro deste ano, com 5,65 milhões de hectares queimados. É o que mostra o mais recente levantamento do Monitor do Fogo, do MapBiomas, lançado dia 12 de setembro. Essa extensão é equivalente a todo o estado da Paraíba (que tem 5,6 milhões de hectares). Na comparação com agosto de 2023, foi um salto de 149%. Isso significa que 3,3 milhões de hectares foram queimados a mais no mês passado na comparação com agosto de 2023. Foi o pior agosto da série do Monitor de Fogo, iniciada em 2019. As pastagens respondem por um em cada quatro hectares queimados (24%) e se destacam como a área de uso agropecuário que mais queimou em agosto.
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