De geração em geração, paixão por vinhos consolidou-se e virou negócio
É Vera Cruz, mas parece Serra Gaúcha. A variedade de vinhos, os tanques de armazenamento e a sensação: tudo remete ao universo das vinícolas, porém no centro da Capital das Gincanas. A vinícola Thomasi surgiu em 2014, em uma garagem no Bairro Higienópolis em Santa Cruz do Sul. Naquele pequeno espaço, Celso Thomasi e o filho Henrique deram continuidade ao sonho de Silvio Giuseppe Thomasi, que iniciou as produções de vinho em um porão no começo do século 20.
Bisavô de Celso, Silvio Giuseppe tinha quatro anos quando chegou ao Brasil. Na bagagem do inconsciente, trouxe junto uma das paixões dos italianos: o vinho. Em Nova Palma, na Quarta Colônia, passou a colocar em prática seus ideais. Em 1919, legalizou suas produções, paralisadas anos mais tarde por conta de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). O sonho adormecido pelo destino foi acordado quase um século depois. "Buscando resgatar esse sonho, reiniciamos o trabalho em 2014", conta Henrique, tatareneto do idealizador.
Motivados na continuidade do negócio e inspirados pela paixão que também corre em suas veias, pai e filho iniciaram de forma intensa, com a produção do Cabernet Sauvignon. "No começo, como sou farmacêutico, vendíamos para representantes das indústrias e colocávamos os rótulos deles. Nossa primeira produção, de 1,3 mil garrafas, foi toda comercializada", relembra. Depois, a dupla iniciou a elaboração do vinho de mesa e o negócio passou a crescer. "Encomendamos um tanque de inox, mas percebemos que não tínhamos espaço. Foi quando meu avô nos chamou para Vera Cruz", destaca.
Aos fundos da residência de Edmundo Ervino Keller, a vinícola tomou forma e ganhou nome: Thomasi, sobrenome da família. Desde 2016, as produções no município foram intensificadas e mais de seis mil garrafas são produzidas por ano no local. Os vinhos são comercializados para pessoas de Vera Cruz e Santa Cruz do Sul, mas também para clientes de outros estados, por conta do público que vem ao Vale do Rio Pardo a trabalho nas fumageiras. Até uma pizzaria de Carlos Barbosa, na própria Serra Gaúcha, escolheu o sabor vera-cruzense para acompanhar as refeições. Reconhecimento que inspira novos sonhos.
Um vinho e um sonho de cada vez
Mais do que quantidade, a família Thomasi sempre prezou pela qualidade. Mensalmente, um consultor da Serra Gaúcha visita a vinícola, faz a degustações e aponta detalhes que podem e são aperfeiçoados. Atualmente, a empresa – que um dia deve virar ponto turístico – comercializa quatro tipos de vinhos: Marselan, Malbec, Chardonnay e Reserva. O objetivo, com a compra de um novo tanque, é aumentar a capacidade de produção para 15 mil garrafas por ano. Com o propósito de atender mais clientes, mas sempre focados em proporcionar bons resultados.
E foi com cuidado e carinho que Celso, 67 anos, e Henrique, 39 anos, criaram dois de seus vinhos. O Reserva, mais encorpado e feito com três uvas, carrega o nome de Silvio Giuseppe Thomasi. Já o Chardonnay, frutado e de estilo germânico, homenageia Edmundo Ervino Keller, o conhecido Sona de Vera Cruz. Bebidas que representam o passado e o presente, além do talento eterno de transformar uva em vinho e aquecer corações.