A conta que começa a ser paga pela Dupla Gre-Nal

Problemas previstos. Eram absolutamente previsíveis as imensas dificuldades que os times gaúchos teriam, especialmente a Dupla Gre-Nal, depois de ficarem um mês parados, sem treinar e voltarem a jogar sem estádios, sem centros de treinamento e perambulando por hotéis e aeroportos com um calendário frenético de jogo a cada três dias. Depois da retomada foram três partidas só pelo Campeonato Brasileiro, porque a dupla ainda jogou por Sul-Americana e Libertadores. E este cenário de dificuldades começa a cobrar seu preço. Os três times gaúchos, a dupla especialmente, vêm enfrentando muitos problemas com a logística, com o excesso de jogos, com lesões e necessidade de rodar o grupo e a cada jogo mandarem a campo uma nova escalação. Na rodada do final de semana, por exemplo, os três times do Rio Grande do Sul perderam seus jogos. O Inter para o lanterna, que não vencia um jogo desde março. O Grêmio, inclusive, ingressando na zona de rebaixamento.

Mal outra vez. O Inter foi a campo contra o Vitória, em Salvador, muito modificado. Depois de um jogo ruim contra o São Paulo no meio da última semana, em que não deu um único chute a gol, o técnico colorado mandou a campo um time praticamente reserva, com um meio campo formado por três volantes, mais o Hyoran com a tarefa de fazer a articulação. Como era de se imaginar, não funcionou. Depois de sair atrás muito cedo, sem se encontrar e absolutamente dominado pelo adversário, que é muito pobre tecnicamente, o Inter aos poucos foi melhorando seu desempenho e com as mexidas do intervalo, especialmente a entrada do Wesley, o time passou a ter a iniciativa, jogar no campo do adversário e controlar as ações. Empatou e até poderia ter virado, mas nos acréscimos, num pênalti bem assinalado, permitiu a primeira vitória do time baiano, o lanterna do campeonato, desde março. Um resultado e, sobretudo, um desempenho, que só evidenciam o momento de turbulência que o time enfrenta.

A conta do Coudet. Parte do mau desempenho do time se deve ao técnico do Inter, Eduardo Coudet. Que enfrenta, sim, problemas com ausências importantes e com todas as consequências que afetam um time que passou um mês inteiro sem sequer treinar e que não tem estádio. Ainda assim, são questionáveis as escolhas, as escalações e a condução do time neste momento. Há, sim, erros importante do treinador colorado que, neste momento, sequer deu indícios de qual seria seu time titular.

Alerta ligado. A exemplo do colorado, depois de perder para o Flamengo com uma naturalidade assustadora, o Grêmio foi enfrentar o Botafogo, em Cariacica, mexido em todos os setores. Uma defesa totalmente modificada e na frente JP Galvão. Também muito cedo o adversário saiu na frente e dominava o jogo. Também aos poucos o Grêmio foi melhorando, conseguindo trabalhar melhor a bola e crescendo no jogo. Empatou com o Gustavo Nunes, mas numa falha do Geromel permitiu o segundo gol do Botafogo. E não teve forças pra empatar. Um resultado ruim e perspectivas preocupantes para o futuro próximo. Depois, inclusive de ingressar no Z4.

O discurso do Renato. Tão preocupante quanto o momento delicado do time e a tabela que terá pela frente, o que indica severas dificuldades, é o discurso do técnico gremista, aparentando um certo conformismo. São óbvios os problemas que o time enfrenta. Mas encontrar soluções e ter um discurso mais indignado são suas tarefas.

As escolhas do Renato. E se os efeitos da catástrofe climática explicam parte deste momento difícil, as escolhas do Renato também. Ele tem um leque variado de alternativas, por exemplo, no ataque? Não tem. Ainda assim já passou muito do momento de tentar alguma coisa para o lugar do JP Galvão. Nada justifica a escalação, mesmo em meio ao jogo, do Nathan Pescador. O Galdino não pode estar à frente do Nathan Fernandez. E por aí vai. De modo que ainda que ele tenha muitos acertos, algumas escolhas do Renato são parte da causa do atual estágio do time gremista.