O Arauto Saúde desta conversa com a delegada Lisandra de Castro de Carvalho, da Delegacia de Vera Cruz
A polícia vem evoluindo na questão de proporcionar ambientes acolhedores, por isso a convidada do Arauto Saúde desta semana é a delegada Lisandra de Castro de Carvalho, titular da Delegacia de Vera Cruz.
O que é esse acolhimento, esse tratamento humanizado que a polícia está introduzindo?
“Entrei na polícia em 2004 e minha primeira lotação foi a Delegacia de Pronto Atendimento de Bagé, uma cidade de cultura machista muito marcante e lá eu era responsável pelo registro de ocorrências e lavraturas de flagrantes e tinha um cartório especializado no atendimento a crianças e adolescentes vítimas de violência, e um cartório do idoso, tudo junto. Era um prédio muito antigo, mas a estrutura já era setorizada para cada atendimento. As crianças eram atendidas num cartório com decoração, elas tinham também a participação de uma psicóloga quando havia investigação de abuso sexual. Quando vim para Santa Cruz e assumi a Delegacia da Mulher e a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, eu trouxe essa experiência inicial. Então na DAM e na DPCA nós também tínhamos salas especializadas para esse tipo de atendimento. Dessa forma, a criança não relata a violência sofrida para uma inspetora atrás de um computador e de uma mesa, que a coloca em uma situação de fragilidade, o que chamamos de revitimização. Porque ela já foi vítima do crime e, quando tem que contar, em um ambiente que não é o dela, ela revive a experiência de uma maneira traumática. Para evitar este tipo de situação, apostamos na criação de um ambiente apropriado para a criança, com temas infantis, acompanhamento de psicóloga. Em Vera Cruz, resolvemos trazer essa experiência e repetir a ideia de ter um ambiente individualizado e acolhedor para as vítimas crianças, adolescentes e mulheres, e um outro ambiente para os demais registros de ocorrência de maneira geral.”
Isso significa mais conforto e acolhimento?
Exatamente. Procuramos, na própria decoração, trazer algo mais leve, mais positivo porque o que a vítima vem nos trazer é algo muito negativo.