Profissional atua em CTG's de Santa Cruz, Cachoeira do Sul, Ijuí e Santana do Livramento
No começo da década de 1990, Cristina da Rosa Severo iniciou sua jornada nos tablados em Rio Pardo. Com 14 anos recebeu o convite para integrar um grupo de danças, mas para dançar, precisava trabalhar para custear as despesas com o CTG. Trabalhou e dançou e segue fazendo isso até hoje, com duas carreiras paralelas.
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Quando veio morar em Santa Cruz do Sul após o casamento, em 2006, passou a fazer parte do CTG Lanceiros de Santa Cruz. É lá que hoje a dançarina, que encerrou sua trajetória na dança profissional em 2016, se tornou a professora de novas gerações de prendas e peões. Atualmente Cristina é instrutora de danças das invernadas mirim, juvenil e veterana e comanda em torno de 30 dançarinos.
Além de Santa Cruz do Sul, Cristina assumiu em parceria com os outros instrutores o grupo do CTG Lanceiros do Sul, de Cachoeira do Sul, e a invernada veterana do CTG Fogo de Chão, de Ijuí. Sozinha comanda ainda a juvenil do CTG Fronteira Aberta em Santana do Livramento. Em breve pode retornar às origens no CTG Estância de Rio Pardo, onde começou.
Rotina acelerada
Funcionária há 15 anos da Unimed VTRP, onde atua no atendimento ao cliente e formada neste ano em Administração pela Faculdade Dom Alberto, ela vive uma rotina corrida, com cerca de quatro horas e meia de atividades diárias voltadas apenas ao universo da dança, sejam ensaios, reuniões ou estudos. “Trabalho aos feriados, sábado e domingos, onde consigo encaixar os grupos. Até novembro não tenho nenhuma data disponível. Próximo ao Enart os grupos querem se lapidar”, conta.
Ela lamenta ter pouco tempo para ver os familiares, mas explica que a dança não traz tantas dificuldades por ser algo que sempre adorou. “Meu reconhecimento nessa arte acarreta que hoje eu acabo sendo remunerada por algo que eu comecei a fazer sem remuneração.”
No começo de 2017 veio um convite da direção de danças do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) para fazer parte da comissão avaliadora do Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart), função que desempenhou de 2017 a 2020. Desde então, integra a equipe que avalia o Festival Paranaense de Arte e Tradição (Fepart).
A avaliação se divide entre correção coreográfica, harmonia de conjunto e interpretação artística, e é essa última que Cris analisa. “A gente estuda as danças, os usos e costumes, o comportamento social da época. Tenho que saber o que cobrar do dançarino, a nuance corporal e facial dele, isso exige muito estudo.” Cada ciclo de danças também possui aspectos singulares, com diferentes ações e comportamentos para contar uma história.
Legado da dança
A família toda é envolvida com a arte, além do casal coordenar e dançar na invernada veterana formada neste ano, o marido Aquiles Severo é o vice-patrão do CTG e o filho Renan, de 11 anos, comanda a invernada mirim, na qual é posteiro, e já integra também o grupo juvenil.
O filho começou a dançar antes de nascer, já que Cristina se apresentou no Enart 2011 grávida de sete meses. “Era o meu sonho que ele também dançasse, mas eu nunca ia obrigar ele a isso. Ele acabou crescendo me vendo dançar, quando chegou a vez dele já sabia, já estava no sangue”, relata.
A instrutora conta que um de seus sonhos, ganhar o Enart dançando, não se realizou, mas ela planeja realizar outro: dançar a competição junto com o filho daqui a quatro anos. “Eu vou parar tudo que estiver fazendo, vou ter em torno de 52 anos, mas a adulta não tem limite de idade. Esse é meu sonho hoje”, confessa.
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